Metade da população brasileira não tem coleta de esgoto
Metade da população brasileira não tem acesso à coleta de esgoto e em apenas em duas cidades - Belo Horizonte (MG) e Franca (SP) - 100% dos habitantes são atendidos por esse serviço público, segundo levantamento do Instituto Trata Brasil e da GO Associados com base no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades. O dado mais recente é de 2014.
A coleta de esgoto é o lado mais trágico da falta de saneamento no Brasil, mas os dados do levantamento mostram que de uma maneira geral pouco se avançou nessa área no país nos últimos anos. A coleta de esgoto saiu de 48,6% dos domicílios no país para 49,8% entre 2013 e 2014. No período de cinco anos entre 2010 e 2014, o avanço foi de apenas 3,6 pontos percentuais na abrangência desse serviço. E, do esgoto coletado, apenas 40% são tratados.
As perdas da distribuição de água, outro exemplo de deficiência, diminuíram, mas permanecem perto de 40%. De 38,8% em 2010 chegou a 36,7% em 2014. O melhor indicador é o de acesso à água tratada, que subiu de 81,1% para 83% da população do país. Ainda assim, em números absolutos, o Brasil ainda tem mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso aos serviços de água tratada.
A deficiência no saneamento tem sido apontada por especialistas como uma das causas do surto de Aedes aegypti, que transmite o vírus zika, além da dengue e da chykunguya. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), um saneamento básico adequado poderia reduzir drasticamente epidemias, como a do vírus zika.
A entidade estima que cem milhões de pessoas vivam sem acesso a sistemas adequados de saneamento na América Latina e 70 milhões não têm água encanada. Para a OMS, a falta saneamento faz com que as pessoas armazenem água de forma inadequada, favorecendo a proliferação de mosquitos.
No Brasil, além de precário, o acesso ao saneamento continua a ter grande disparidade regional. Enquanto na lista de 20 municípios com melhor saneamento não há sequer uma cidade do Nordeste, Norte e Centro-Oeste, os piores do ranking concentram municípios do Nordeste e Norte, além de três da Baixada Fluminense (Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti).
"A preocupação é que os avanços em saneamento básico não só estão muito lentos no país, como cada vez mais concentrados onde a situação já está melhor. Estamos separando o Brasil em ?ilhas' de Estados e cidades que caminham para a universalização da água e esgotos, enquanto que uma grande parte do Brasil simplesmente não avança. Continuamos à mercê das doenças", afirma em nota Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.
Gesner Oliveira, economista da GO Associados e autor do estudo, destaca que os níveis de acesso aos serviços de saneamento são muito baixos no Brasil, que perde até para seus países latino-americanos. "Avançamos muito pouco no sentido de alcançar a universalização dos serviços de saneamento. Caso se mantenha o ritmo atual, estimamos que só teremos serviços de saneamento universalizados a partir de 2050. Dados da Cepal sugerem que o Brasil é um ponto fora da curva, possuindo índices de atendimento que não condizem com a renda per capita do país", observa.
Disparidades
Um dos pontos que evidenciam a clara deficiência em avanços efetivos em todo o país é que o investimento per capita em saneamento nas 20 cidades com melhor serviço foi 150% maior que o investimento das 20 piores cidades. Isso mostra, segundo o estudo, uma tendência das cidades com as maiores carências ficarem ainda mais atrasadas.
As 20 melhores cidades do estudo investiram juntas em 2014 o valor de R$ 827 milhões e arrecadaram R$ 3,8 bilhões com os serviços. Já a média de investimento dos últimos cinco anos (2010 a 2014) foi de R$ 188,24 milhões (R$ 71,47 por habitante/ano).
Na outra ponta, os 20 piores municípios do ranking investiram juntos em 2014 o valor de R$ 482 milhões e arrecadaram R$ 1,9 bilhão com os serviços. Se considerada os últimos cinco anos, a média de investimentos foi de R$ 96,46 milhões (R$ 28,20 por habitante/ano).
Outro dado que mostra como está concentrado o investimento em saneamento é que, em 2014, os 100 maiores municípios do país investiram quase R$ 6 bilhões dos R$ 12 bilhões gastos no país e as 20 melhores cidades investiram o dobro das 20 piores em saneamento.
A coleta de esgoto é o lado mais trágico da falta de saneamento no Brasil, mas os dados do levantamento mostram que de uma maneira geral pouco se avançou nessa área no país nos últimos anos. A coleta de esgoto saiu de 48,6% dos domicílios no país para 49,8% entre 2013 e 2014. No período de cinco anos entre 2010 e 2014, o avanço foi de apenas 3,6 pontos percentuais na abrangência desse serviço. E, do esgoto coletado, apenas 40% são tratados.
As perdas da distribuição de água, outro exemplo de deficiência, diminuíram, mas permanecem perto de 40%. De 38,8% em 2010 chegou a 36,7% em 2014. O melhor indicador é o de acesso à água tratada, que subiu de 81,1% para 83% da população do país. Ainda assim, em números absolutos, o Brasil ainda tem mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso aos serviços de água tratada.
A deficiência no saneamento tem sido apontada por especialistas como uma das causas do surto de Aedes aegypti, que transmite o vírus zika, além da dengue e da chykunguya. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), um saneamento básico adequado poderia reduzir drasticamente epidemias, como a do vírus zika.
A entidade estima que cem milhões de pessoas vivam sem acesso a sistemas adequados de saneamento na América Latina e 70 milhões não têm água encanada. Para a OMS, a falta saneamento faz com que as pessoas armazenem água de forma inadequada, favorecendo a proliferação de mosquitos.
No Brasil, além de precário, o acesso ao saneamento continua a ter grande disparidade regional. Enquanto na lista de 20 municípios com melhor saneamento não há sequer uma cidade do Nordeste, Norte e Centro-Oeste, os piores do ranking concentram municípios do Nordeste e Norte, além de três da Baixada Fluminense (Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti).
"A preocupação é que os avanços em saneamento básico não só estão muito lentos no país, como cada vez mais concentrados onde a situação já está melhor. Estamos separando o Brasil em ?ilhas' de Estados e cidades que caminham para a universalização da água e esgotos, enquanto que uma grande parte do Brasil simplesmente não avança. Continuamos à mercê das doenças", afirma em nota Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.
Gesner Oliveira, economista da GO Associados e autor do estudo, destaca que os níveis de acesso aos serviços de saneamento são muito baixos no Brasil, que perde até para seus países latino-americanos. "Avançamos muito pouco no sentido de alcançar a universalização dos serviços de saneamento. Caso se mantenha o ritmo atual, estimamos que só teremos serviços de saneamento universalizados a partir de 2050. Dados da Cepal sugerem que o Brasil é um ponto fora da curva, possuindo índices de atendimento que não condizem com a renda per capita do país", observa.
Disparidades
Um dos pontos que evidenciam a clara deficiência em avanços efetivos em todo o país é que o investimento per capita em saneamento nas 20 cidades com melhor serviço foi 150% maior que o investimento das 20 piores cidades. Isso mostra, segundo o estudo, uma tendência das cidades com as maiores carências ficarem ainda mais atrasadas.
As 20 melhores cidades do estudo investiram juntas em 2014 o valor de R$ 827 milhões e arrecadaram R$ 3,8 bilhões com os serviços. Já a média de investimento dos últimos cinco anos (2010 a 2014) foi de R$ 188,24 milhões (R$ 71,47 por habitante/ano).
Na outra ponta, os 20 piores municípios do ranking investiram juntos em 2014 o valor de R$ 482 milhões e arrecadaram R$ 1,9 bilhão com os serviços. Se considerada os últimos cinco anos, a média de investimentos foi de R$ 96,46 milhões (R$ 28,20 por habitante/ano).
Outro dado que mostra como está concentrado o investimento em saneamento é que, em 2014, os 100 maiores municípios do país investiram quase R$ 6 bilhões dos R$ 12 bilhões gastos no país e as 20 melhores cidades investiram o dobro das 20 piores em saneamento.
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