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Mercado reage a discurso de Tombini e juros futuros fecham em queda

22/03/2016 16h55

As taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo recuaram na BM&F com investidores reagindo aos comentários do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e ao dado pior que o esperado do mercado de trabalho divulgado pelo Caged.

As taxas de juros com prazos mais longos também registram queda, sustentada pelas apostas de uma mudança de governo, e consequentemente da política econômica, que tem levando o mercado a reduzir os prêmios de risco.

O DI para janeiro de 2021 recuou de 13,86% para 13,60%. A taxa para janeiro de 2017 caiu de 13,78% para 13,715% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI para janeiro de 2018 teve baixa de 13,47% para 13,31%.

O presidente do BC reiterou nesta terça-feira, em discurso no Senado, o compromisso em entregar a inflação dentro dos limites da banda da meta de inflação neste ano e buscar a convergência para 4,5% no ano que vem. Tombini ainda destacou que as expectativas de inflação altas, o patamar elevado da inflação corrente e a indexação da economia afastam hipótese de flexibilização monetária, o que foi visto como uma sinalização um pouco mais "hawkish" do BC de que não há espaço para um corte de juros já na próxima reunião. "O BC deu uma sinalização que no momento a taxa de juros deve ficar estável em 14,25%, mas existem sinais do lado da atividade que abrem espaço para um corte de juros mais à frente", diz Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, lembrando os dados fracos divulgados hoje pelo Caged.

Em fevereiro, foram fechados 104.582 postos formais de trabalho. O número revela o pior resultado para o mês desde 1992. Isso ampliou as apostas em uma antecipação do corte de juros neste ano. "Acho que aos poucos, o consenso do mercado tende a se deslocar para um corte a partir de junho ou julho", afirma Rosa.

A SulAmperica espera um corte de 1 ponto percentual da taxa Selic neste ano, a partir do segundo semestre, devendo encerrar em 13,25%. "A queda dos preços administrados e livres, com o enfraquecimento do setor de serviços, pode deixar o BC mais confortável para cortar a taxa básica de juros", diz o economista-chefe.

Para ele, no entanto, o BC só deve cortar a taxa Selic quando as expectativas de inflação começarem a ceder. "As expectativas estão relacionadas com o que vai acontecer com a inflação corrente e com a atividade nos próximos meses", afirma.

Já a parte mais longa das taxas segue influenciada pelo cenário político. O aumento das apostas no impeachment da presidente Dilma Rousseff e expectativa de mudança da política econômica em direção a uma linha mais austera têm sustado a queda das taxas de juros de longo prazo.

A notícia de que a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber negou o recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para anular a decisão do ministro do STF Gilmar Mendes, que suspendeu a posse do ex-presidente na Casa Civil, ajudou a reforçar essa expectativa. Para a ministra , não cabe habeas corpus nesse caso, que continua com o juiz Sergio Moro, responsável pelas investigações da Operação Lava-Jato.