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Anfavea diz que vendas de março estão abaixo das expectativas

28/03/2016 13h21

A Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no país, informou hoje que o desempenho do setor em março, aquém das expectativas da associação, não confirmou a aguardada reação do movimento nas concessionárias, após o fraco ritmo dos dois primeiros meses do ano.

Após participar de fórum organizado na capital paulista pela Automotive Business, site especializado em notícias sobre a indústria automobilística, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, disse que as vendas de veículos caminham para terminar março com queda na faixa de 25% a 30% ante igual período do ano passado. Se confirmada a tendência, o mês vai se encerrar com um número de 165 mil a 175 mil unidades emplacadas.

Segundo Moan, ainda que pífio, o resultado do primeiro bimestre, quando o consumo caiu 31,3%, ficou em linha com as estimativas da entidade. O que estava fora do radar era a continuidade de um volume médio diário inferior a 9 mil veículos no terceiro mês.

As contas da Anfavea incluíam uma reação das vendas em março, o que não aconteceu, de acordo com Moan, por conta do contágio na economia do agravamento da crise política. "Foi aí que erramos a projeção", afirmou.

O presidente da Anfavea informou que o mês mantém um fluxo diário de vendas próximo de fevereiro, mas deve mostrar, no resultado consolidado, crescimento de 20% a 25% na comparação mensal em virtude do calendário comercialmente mais longo. No mês passado, os números foram prejudicados pelo feriado de Carnaval.

"Podemos, nesses quatro últimos dias de março, ter ainda algum crescimento na média diária. Não vai ser, no entanto, nada fantástico ou perto do que projetamos no início do ano", afirmou Moan durante sua participação no evento.

Apesar de mais um desempenho frustrante, a entidade mantém, ao menos por enquanto, as projeções que apontam a uma queda de 7,5% das vendas de veículos, um percentual considerado otimista pela maioria das consultorias que acompanham esse mercado. Boa parte deles trabalha com a previsão de um volume ao redor de 2 milhões de veículos, cerca de 22% abaixo de 2015.

Moan comparou a situação atual, na qual tensões na política contaminam a economia, com o cenário de "pré-guerra". "Não podia imaginar uma crise tão profunda como esta", lamentou o executivo, a um mês de concluir seu mandato trienal na Anfavea.

Ele frisou que as montadoras estão usando menos de metade da capacidade instalada - nas fábricas de caminhões, o patamar é de meros 18% -, o que significa um prejuízo não apenas financeiro, mas também para a sobrevivência das empresas.

Moan voltou a mostrar confiança na melhora de perspectiva a partir do último trimestre deste ano. Para tanto, cobrou um desfecho da crise política.

Nesse ponto, o presidente da Anfavea voltou a adotar um tom neutro para comentar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Respeito as instituições. Acho que devemos deixar essa decisão com as instâncias institucionais", disse. "A Constituição prevê o instrumento do impeachment. O que não gosto é de ver a agenda política parar a agenda econômica."

Moan ressaltou que as associadas da entidade, apostando no potencial de crescimento do país no longo prazo, mantiveram os investimentos de R$ 85 bilhões prometidos para o período de 2012 a 2018. Ele, no entanto, ponderou que há uma preocupação das empresas com o cenário de médio prazo.