Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Juros futuros recuam na BM&F influenciados pelo cenário político local

28/03/2016 16h41

Os juros futuros recuaram nesta segunda-feira em reação ao cenário político local, com o mercado aumentando as apostas no impeachment da presidente Dilma Rousseff à medida que o governo perde apoio da base aliada. O ambiente de menor aversão a risco no exterior, após dados mais fracos que o esperado da economia americana, também contribuiu para esse movimento.

Investidores reagiram à expectativa de que o PMDB anuncie amanhã, terça-feira, que deixará a base de apoio do governo na reunião do Diretório Nacional, abrindo caminho para o impeachment de Dilma. A expectativa de mudança de governo e da política econômica atual tem levado os investidores a reduzirem os prêmios de risco na curva de juros.

O DI janeiro de 2017 caiu de 13,83% para 13,735% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI para janeiro de 2021 recuou de 14,07% para 13,73%. Com isso, a curva de juros a termo reduziu a inclinação caindo para zero a diferença entre o DI para janeiro de 2021 e o DI para janeiro de 2017, indicando melhora da percepção de risco do investidor.

Segundo Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos, apesar do recuo verificado recentemente ainda há espaço para uma queda maior das taxas dos contratos futuros de juros, especialmente na parte mais longa da curva.

De acordo com ele, o mercado passa a olhar agora para a composição da equipe econômica com uma eventual mudança de governo. A nomeação de economistas que são considerados com perfil mais ortodoxo e que teriam, na avaliação do mercado, condição para promover as reformas necessárias para ajustar as contas públicas poderia, segundo Petrassi, ampliar a queda das taxas longas de juros com a melhora da percepção de risco. "Se o Armínio Fraga [ex-presidente do Banco Central] for para Fazenda, poderíamos ver mais um rali no mercado", diz Petrassi.

Esse movimento, segundo o gestor, seria mais forte nos juros que no câmbio, com o BC atuando para limitar uma valorização mais rápida do real, o que poderia prejudicar o ajuste das contas externas.

Na parte mais curta da curva de juros, a melhora da perspectiva poderia abrir espaço para uma antecipação do corte da taxa Selic, mas as expectativas de inflação ainda estão elevadas.

Pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira mostra uma queda nas expectativas de inflação para este ano, que continuam, contudo, acima do teto da meta, de 6,5%. A mediana do IPCA para o fim de 2016 recuou de 7,43% para 7,31%, e permaneceu estável a 6% para o fim de 2017.Já a mediana da projeção para taxa Selic ficou estável em 14,25% para o fim deste ano.