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Relator no Conselho de Ética vota pela cassação de Delcídio

03/05/2016 17h01

Relator no Conselho de Ética do processo contra Delcídio Amaral (sem partido-MS), o senador Telmário Mota (PDT-RR) recomendou hoje a cassação do mandato do parlamentar. O parecer do pedetista será votado pelo colegiado ainda hoje. Depois, terá que passar pela Comissão de Constituição e Justiça e também pelo plenário da Casa.

Delcídio foi preso em novembro passado diante de acusação de tentar obstruir o andamento da Operação Lava-Jato. Nos últimos meses, o senador fechou acordo de delação premiada, foi solto e deixou o PT. No entanto, adiou por diversas vezes o depoimento ao Conselho, que decidiu concluir o processo sem ouvir o ex-líder do governo no Senado.

"Não há dúvida de que o senador abusou de sua prerrogativa constitucional", disse Telmário. Para ele, Delcídio colocou interesses próprios em primeiro lugar.

Gravação flagrou o ex-petista oferecendo dinheiro e ajuda com um plano de fuga para que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró não firmasse um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, no âmbito da Operação Lava-Jato.

Advogado do senador, Antônio Figueiredo Basto alegou que não houve flagrante para que Delcídio fosse preso. "Depois ele sequer foi denunciado por organização criminosa. Foi preso em uma decisão arbitrariamente homologada", argumentou.

Basto disse que o senador é um "homem correto; amigo dos amigos e amigo de todos". Negou que Delcídio seja corrupto, pois, na verdade, foi corajoso em delatar todas as irregularidades. Segundo o advogado, o ex-líder do governo foi atraído para a reunião em que a conversa foi gravada - que foi tramada, em ato de desespero, pelo filho de Cerveró para tentar garantir benefícios para o pai, envolvido no esquema de corrupção na Petrobras.

"Se a punição é por obstrução, ela é impossível de ocorrer. A colaboração [delação] já havia se aperfeiçoado. Cerveró já era considerado obsoleto para o Ministério Público. Não havia como obstruir", afirmou a defesa, que também pediu que o Conselho aguardasse o Supremo Tribunal Federal (STF) analisasse os questionamentos apresentados pelos advogados sobre o processo.

A representação contra Delcídio foi apresentada pelo Rede e pelo PPS em dezembro do ano passado para apurar quebra de decoro parlamentar - pouco depois da prisão do senador.