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Aversão a risco cresce com decisão de Maranhão sobre impeachment

09/05/2016 14h01

A notícia do dia nos mercados financeiros é a decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), de anular o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Ele determinou nova votação do impeachment da Câmara após cinco sessões da Casa.

Maranhão acolheu recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) questionando a votação do processo de impeachment de Dilma, no dia 17 de abril. O impeachment foi aprovado na Câmara por 367 votos contra 137, pela abertura do processo.

Os mercados, que já operavam com aversão a risco, passaram por momento de forte nervosismo logo após a divulgação da notícia. O Ibovespa atingiu mínima de 49.908 pontos e o dólar atingiu máxima de R$ 3,6761. Mas as cotações voltaram a se acomodar.

Às 13h54, o Ibovespa registra queda de 1,86%, para 50.757 pontos. O dólar sobe 1,56%, para R$ 3,5577. O dólar para junho era negociado em alta de 1,66%, para R$ 3,5835.

O que predomina no dia, dizem operadores, é a cautela. Segundo os profissionais, é muito difícil fazer previsões, já que não se sabe se a decisão será derrubada ou mantida.

Estava prevista para esta segunda-feira a leitura do relatório aprovado pela comissão especial do Senado, e a votação no plenário estava marcada para quarta-feira (11), quando os senadores decidiriam sobre o afastamento da presidente por 180 dias de Dilma. Após a decisão de Maranhão, a leitura não está confirmada.

A oposição já se movimenta. O relator do impeachment na Câmara, Jovair Arantes (PTB-GO), disse que a decisão de Maranhão é "loucura".

O dia já estava negativo com um pregão novamente desfavorável para países exportadores de commodities.

No exterior, em um dia de agenda esvaziada, as bolsas dos EUA operam de lado. Na Europa, a maioria das bolsas subiu, com o impulso proporcionado por forte leitura sobre as encomendas à indústria da Alemanha em março, em alta de 1,9% ante fevereiro, frente a expectativa de 0,6% para o mês.
Bolsa
O Ibovespa, que já operava em queda desde a abertura, piorou muito a performance com a notícia de Maranhão.

Após o susto, os mercados se acalmaram um pouco e a queda diminuiu. Para operadores, a notícia mergulha o mercado em muitas incertezas.

"Pegou o mercado de surpresa e a cautela vai persistir", disse há pouco o estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira. Segundo ele, a notícia muda o cenário de curtíssimo prazo, mas é difícil prever os próximos dias na Bovespa, já que é preciso esclarecer como caminhará o processo de impeachment.

As maiores perdas do índice continuam sendo de ações de commodities. Vale ON cai 9,8%, Usiminas PNA recua 9,44%, Bradespar PN tem queda de 8,9%, Petrobras ON perde 7,6%, Vale PNA cai 8,28%, Petrobras PN perde 7,6%, CSN recua 6,5% e Gerdau Metalúrgica tem baixa de 5,5%.

Dados da China já deixavam investidores na retranca hoje. As mineradoras sofrem no Brasil e no exterior com os dados da balança comercial da China, que provocaram queda de 2,79% na bolsa de Xangai. O minério de ferro caiu 5,66%, a US$ 54,99. Após o fechamento do mercado, o governo chinês anunciou um pacote de medidas para aumentar as exportações, com destaque para o bancos ampliarem os empréstimos a exportadoras e a redução do imposto sobre bens de consumo.
Câmbio
O dólar ampliou a alta frente ao real após notícia sobre o impeachment.

A moeda americana abriu em alta, acompanhando o movimento no exterior, influenciado pelo aumento da preocupação com o crescimento da China e incertezas no cenário político local.

Dúvidas sobre a condução do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff aumentam a aversão a risco no mercado local e sustentam a forte alta da moeda americana.

Por enquanto, o BC se mantém fora do mercado de câmbio e não anunciou nenhum leilão de contrato de swap cambial.

No exterior, a moeda americana segue em alta frente às principais divisas emergentes, após a notícia de que um órgão de informação do Partido Comunista publicou uma previsão de que a economia chinesa tende a mostrar uma recuperação em "L", sinalizando uma estabilização do crescimento em níveis baixos.

Além disso, dados da balança comercial da China, divulgados no domingo, mostraram um recuo de 10,9% das importações para US$ 127,2 bilhões.
Juros
As taxas dos contratos futuros avançavam na BM&F acompanhando a alta do dólar, reagindo à notícia sobre o processo de impeachment.

O DI para janeiro de 2017 subia de 13,67% para 13,725%, enquanto o DI para janeiro de 2021 avançava de 12,58% para 12,780%.

Os juros futuros abriram em alta influenciados pela maior aversão a risco no exterior, sustentada por notícias negativas vindas da China.

A mudança da presidência da Câmara, após o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aumenta as incertezas sobre as negociações de um eventual governo do vice-presidente Michel Temer com a base aliada e traz dúvidas sobre a capacidade de aprovação das medidas de ajuste fiscal. "O ambiente está mais nebuloso. Ainda há dúvidas sobre a formação da equipe econômica em um possível governo Temer e não temos ainda o nome de quem será o novo presidente do BC com a possível troca de governo", afirma Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos, há dúvidas sobre a formação da equipe econômico em um possível governo Temer.

Após várias semanas de queda das expectativas de inflação, as projeções para o IPCA voltaram a subir após a alta acima da esperada da inflação em abril.

A mediana das projeções dos analistas que participam da Pesquisa Focus para o IPCA no fim deste ano subiu de 6,94% para 7%. Já para 2017, a mediana para a inflação recuou de 5,72% para 5,62% ainda acima da meta de 4,5%.

Já a mediana das projeções para taxa Selic neste ano caiu de 13,25% para 13%, ficando estável em 11,75% para o fim de 2017.