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'Se eu voltar, pacto rompido será refeito pelo povo', afirma Dilma

09/06/2016 23h21

Em entrevista que foi ao ar na noite desta quinta-feira, a presidente afastada Dilma Rousseff afirmou que, se o impeachment cair e ela voltar à Presidência, não será possível uma composição com o que está representado pelo governo de Michel Temer.

"Se eu voltar, o pacto que se firmou na Constituição de 1988 não será refeito no gabinete, mas sim pelo povo", disse ela ao jornalista Luis Nassif, que conduziu a entrevista tratando o afastamento de Dilma como "golpe" e criticando abertamente o governo interino.

Nassif sugeriu que fosse feito um plebiscito caso o impeachment não passe no Senado e Dilma concordou: "Sim, um plebiscito é um caminho", mas não afirmou sobre qual o tema a ser tratado na consulta popular.

Dilma afirmou que a consulta popular é "a única forma de lavar e enxaguar essa lambança do governo Temer". Ela defendeu ainda o presidencialismo e o seu aperfeiçoamento e considerou "gravíssimo os golpistas falarem em semiparlamentarismo".

Para Dilma, o impeachment afetará a democracia futura no Brasil, e não só o seu governo.

Ela ainda creditou o início dos problemas que levaram ao impeachment ao protagonismo do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, que para ela "levou o centro do parlamento para a direita".

"O grande problema do Cunha é que ele tem pauta própria, não tem como fazer composição com ele". Segundo Dilma, "o governo Temer exprime a pauta de Cunha".

A entrevista deveria ter ido ao ar no domingo passado, o impasse no comando da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) fez com que fosse adiada.

Nassif teve seu contrato com a EBC rompido em maio pelo novo presidente, escolhido por Temer, Laerte Rímoli. O STF (Supremo Tribunal Federal), porém obrigou o governo a reconduzir Ricardo Melo ao posto de presidente da EBC. Melo então desfez atos de Rímoli e a entrevista finalmente foi ao ar.