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Ações da Oi seguem em queda e BofA vê possível recuperação judicial

20/06/2016 15h05

As ações da companhia de telecomuniações Oi negociadas no Brasil e nos Estados Unidos continuam em forte queda nesta segunda-feira. Por volta das 12h40, os papéis ordinários da companhia recuam 9,70%, a R$ 1,21, e os preferenciais caem 6,36%, a R$ 1,03, na BM&FBovespa.

Os recibos de ações (ADRs) da Oi negociados na bolsa de Nova York (Nyse) registram perdas de 10,79%, a US$ 0,33.

A companhia está cada dia mais próxima de um processo de recuperação judicial, para dar conta de sua dívida bruta de R$ 52 bilhões, excluídos os contratos de derivativos cambiais, e proteger sua operação. A tele precisa pagar no dia 26 de julho entre 230 milhões de euros e 260 milhões de euros referentes a uma emissão internacional.

Caso não honre o compromisso, pode ter toda sua dívida bilionária declarada vencida - o que lhe dá menos de um mês para agir e evitar esse cenário.

A Oi pediu ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e também ao Banco do Brasil (BB) a suspensão do pagamento de dívida ("stand still") por seis meses, a partir de 25 de maio, segundo documentos divulgados pela operadora na sexta-feira (17). A empresa tem cerca de R$ 10 bilhões em dívidas com bancos de desenvolvimento, como o BNDES, e com agências de fomento à exportação, segundo dados relativos a março.

O "stand still" permite que a empresa tenha mais tempo para renegociar as novas condições de pagamento.

O impasse nas negociações da dívida da Oi fez com que a agência de classificação de risco Fitch rebaixasse, na sexta-feira, o rating da companhia em dois degraus, passando de ?CCC' para ?C', a apenas uma nota da classificação de calote (D).

Para o Bank of America Merrill Lynch (BofA), o risco de recuperação judicial da Oi permanece alto, levando em conta a reestruturação de dívida proposta aos credores e a contraproposta dos detentores de dívida.

"A discrepância entre as duas propostas parece bastante grande, especialmente na diluição implícita dos atuais acionistas", afirma o analista Mauricio Fernandes, em relatório. O mais lógico seria encontrar um ponto intermediário para evitar uma disputa judicial, que seria penosa para as duas partes, mas a distância das duas propostas traz um alto nível de incertezas, de acordo com o banco de investimento.

Em troca dos atuais títulos de dívida, com valor de face de R$ 31,6 bilhões, a Oi propôs emitir R$ 4,4 bilhões de novos títulos, com vencimentos mais longos, além de R$ 4,4 bilhões em ações. Já os credores pediram a emissão de R$ 9 bilhões em novos títulos e mais R$ 18 bilhões em ações (equivalente a uma fatia de 95% na Oi).

A alavancagem da dívida não seria muito diferente em uma ou na outra proposta. Incluindo as dívidas com bancos e agências de incentivo à exportações, que não sofreriam redução, apenas teriam vencimentos mais longos, a Oi terminaria com dívida líquida de R$ 16 bilhões sob sua proposta. Sob a proposta dos "bondholders". Praticamente metade da dívida atual de R$ 40 bilhões.

A ampla diferença das propostas para a troca de dívida traz muitas incertezas para a ação. Assumindo que a Oi seria negociada a 4 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), como a TIM, o potencial de alta é de quase 120% sobre a cotação atual.

Porém, se fosse aprovada a contraproposta dos bondholders, as ações cairiam quase 60%. Um meio termo entre as duas propostas implicaria uma queda de 20% dos papéis.

"O desfecho parece tão dúbio que continuamos a ver a relação entre risco e recompensa da ação como pouco atrativa", disse Fernandes.