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Moreira Franco: Brasil não pode 'pagar mico' com Olimpíada

20/06/2016 15h10

O secretário-executivo do Programa de Parceiras de Investimentos (PPI) do governo federal, Moreira Franco, disse que, depois de decretar estado de calamidade pública, o Estado do Rio de Janeiro precisa receber recursos do governo federal para normalizar o pagamento de funcionários e aposentados, a prestação de serviços públicos e a realização da Olimpíada.

"Também não podemos pagar o mico internacional. Há compromissos assumidos pelo governo brasileiro com o COI [Comitê Olímpico Internacional] na gestão anterior que não foram cumpridos", disse Moreira, acrescentando que o governo do presidente interino Michel Temer não vai aceitar "que nós brasileiros paguemos esse mico, sobretudo num momento em que a imagem do país está muito ruim".

O secretário, que foi governador do Rio na década de 1980, afirmou que o Estado vive uma situação terrível. "Os funcionários, os aposentados não estão recebendo, os serviços essenciais estão parando. Evidentemente, neste quadro é necessário não só ajudar os servidores, o Estado e a população do Rio, como também não podemos pagar um mico internacional", afirmou.

Moreira, que participou de seminário sobre Segurança Jurídica e Governança na Contratação de Obras Públicas, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ressaltou em sua fala de abertura que o país nunca viveu e nem vai viver uma situação tão crítica como a que está passando hoje. Ele citou os afastamentos da presidente da República, Dilma Rousseff, e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o pedido de prisão, feito pela Procuradoria Geral da República, do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

"Há um processo de impeachment que se prolonga mais que o necessário em meio à maior crise econômica que já passamos. É um fator de profunda insegurança e instabilidade se conviver com dois presidentes da República", disse.

Moreira afirmou que só há dois países no mundo com dois chefes de Estado vivos: o Brasil e o Vaticano. "Só que a diferença é que no Vaticano eles rezam juntos. E aqui não, eles disputam a permanência [no cargo]", afirmou.

Apesar disso, Moreira disse que há normalidade institucional, o Congresso está votando as matérias e o Executivo segue encaminhando as medidas necessárias, ao mesmo tempo em que a Operação Lava-Jato está funcionando com as instituições criadas na Constituição de 1988.

"Não devemos nos preocupar com as consequências dessas investigações. Devemos aproveitar a oportunidade para tomar medidas sobre segurança e procedimentos legais, que devem ser perseguidas na relação entre poder público e privado", disse.