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Dólar fecha no menor nível em quase um ano

28/06/2016 17h45

O dólar comercial fechou em forte queda frente ao real refletindo o ajuste no mercado de câmbio no exterior e às declarações do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que ajudaram a intensificar a alta do real. A moeda brasileira liderou os ganhos frente ao dólar entre as principais divisas emergentes.

O dólar comercial caiu 2,64% para R$ 3,3045, menor patamar desde 23 de julho de 2015. No mercado futuro, o contrato para julho recuava 2,63% para R$ 3,307.

Dados ainda fracos da economia americana reforçaram a leitura de um crescimento lento dos Estados Unidos, o que reduzia o espaço para o Federal Reserve subir a taxa básica de juros neste ano.

A economia dos Estados Unidos cresceu 1,1% ao ano no primeiro trimestre, acima do anteriormente estimado, mas o ritmo ainda contido dos preços ao consumidor sugere que a atividade no país permanece vulnerável à instabilidade global.

Além disso, a vitória no referendo pela saída do Reino Unido da União Europeia reforçou as apostas na postergação da alta de juros nos EUA neste ano, sustentado a recuperação das divisas emergentes frente ao dólar.

No mercado local, a alta do real foi intensificada pelas declarações do presidente do BC, que disse que a autoridade monetária poderá reduzir exposição a swaps cambiais tradicionais, cujo estoque está em US$ 62 bilhões, "se e quando estiverem presentes condições de mercado".

A leitura do mercado é de que o BC deve ter uma postura menos intervencionista e tolerar uma apreciação maior do real. "O BC vai reduzir os estoque de swaps cambiais tradicionais quando tiver uma janela de oportunidade, sem interferir no preço do câmbio ou mirar algum patamar específico, como fez o BC anterior que tinha criado no mercado a expectativa de que existia um piso para o câmbio a R$ 3,50", diz Solange Srour, economista-chefe da Arx Investimentos.

As ordens de vendas ganharam ainda mais força quando a moeda recuou abaixo do patamar de R$ 3,31, aproximando-se da marca de R$ 3,30, que para alguns analistas pode ser o "trigger" para uma intervenção do Banco Central.

"O mercado agora deve começar a testar qual o limite de tolerância do BC uma vez que o real vem tendo um desempenho melhor que seus pares desde sexta-feira", diz um gestor local.

Analistas veem um desempenho mais positivo para o real diante da expectativa de manutenção da Selic em 14,25% ao ano por mais tempo e da possibilidade de fluxos de entrada de recursos em meio à probabilidade de mais injeção de liquidez pelos bancos centrais globais.