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Gol: Troca de bônus com adesão de 22% dos credores foi "satisfatória"

04/07/2016 15h06

A troca de bônus no mercado internacional concluída em 1º de julho, que permitirá à companhia reduzir sua dívida total em US$ 101,2 milhões (R$ 326,9 milhões), com um uso de caixa de US$ 13,9 milhões, foi considerada "satisfatória" pela Gol, apesar da adesão de apenas 22,4% dos credores - a expectativa original era de uma adesão da ordem de 95%. O valor negociado representa entre 25% e 30% do valor de mercado da companhia.

A companhia área afirmou que vai continuar a analisar o mercado de dívida para encontrar alternativas a médio prazo para melhorar sua situação financeira, disse nesta segunda-feira Edmar Lopes, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, em teleconferência.

Lopes ressaltou que, em um cenário incerto, de recessão econômica interna e de saída do Reino Unido da União Europeia, o resultado pode ser considerado positivo.

"Se a empresa tivesse oferecido mais alguma coisa [prêmio], a participação dos credores seria maior, mas oferecemos apenas aquilo que cabe no bolso. Administrar com os pés no chão é uma expressão que deve ser usada nesse aspecto", disse o executivo.

A finalização do processo de troca de bônus era uma condição para a renegociação de dívidas com bancos brasileiros e também para o início da negociação de R$ 300 milhões em novos recursos para a companhia. Segundo Lopes, essas conversas serão feitas nos próximos dias e a expectativa é ter algum resultado ainda neste mês.

Sobre a renegociação de papéis no exterior, a aérea informou ter registrado adesão de todas as classes de títulos de dívida, desde aqueles com vencimento em 2017 até os perpétuos. A empresa conversou com mais de 150 investidores do mundo todo, desde Europa, Estados Unidos e Rússia até os Emirados Árabes. Entre os credores estão private banks, fundos institucionais e toda a sorte de aplicadores, disse Lopes.

A baixa adesão pode ter relação também com a apreciação do real ante o dólar, segundo a companhia. "Como o real se depreciou ao longo do processo de negociação, a percepção de risco-Brasil reduziu ao longo das últimas semanas e isso impactou a decisão de alguns bondholders, que passaram a olhar sob uma perspectiva diferente do que em relação a dois meses atrás ou três meses atrás."

Ao avaliar que a Gol possa se beneficiar de um cenário menos negativo no Brasil, o credor prefere manter a dívida sem garantia do que aderir à troca de bônus, disse Lopes. O dólar beirava R$ 4,20 quando a negociação foi iniciada e, nos últimos dias, a relação caiu a R$ 3,20.

A mudança de perspectiva em relação ao Brasil, não teve, no entanto, impacto nas projeções da Gol para o ano, de acordo com o executivo. Segundo Lopes, o cenário continua negativo, por isso, a estratégia de cortes está mantida. Em março, a Gol anunciou redução do cronograma para recebimento de novas aeronaves neste ano de 15 para 1, venda de cinco aviões, suspensão de sete destinos e antecipação de receita por venda de passagens por parte da empresa de fidelidade Smiles controlada pela Gol, no valor de até R$ 1 bilhão - dos quais R$ 300 milhões já foram executados.

O executivo destacou que, mesmo com o plano, o cenário de caixa da companhia continua desafiador. "A real mais forte ajuda, mas ainda não incorporamos em nossas projeções. Temos que sentar e rever os números. É um trabalho diário", disse o executivo.

Bancos

A Gol voltará a conversar com os bancos brasileiros nos próximos dias para renegociar compromissos em debêntures e receber uma linha extra de recursos, disse Lopes.

Com a apreciação do real ante o dólar nas últimas semanas, em um patamar que não era esperado, os gatilhos para antecipação do vencimento de títulos, os chamados ?covenants' , poderiam ser disparados pelos bancos. Porém, segundo a companhia, o assunto está resolvido.

Segundo a Gol, o câmbio foi responsável por R$ 1,4 bilhão de redução de estoque de dívida nos últimos seis meses.

A empresa informou, em maio, que Banco do Brasil e Bradesco estão provendo uma contribuição financeira substancial, estendendo o prazo de amortizações de R$ 1 bilhão em debêntures que detêm, e incluindo mais de R$ 300 milhões em linhas de crédito e em cartas de crédito.