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Dólar tem maior alta desde maio com aversão a risco no exterior

09/09/2016 18h16

O dólar fechou em alta frente ao real refletindo o movimento de venda de ativos de risco no exterior diante da preocupação com uma antecipação da alta da taxa de juros nos Estados Unidos neste ano. Essa percepção sustentou a alta do dólar frente às principais moedas emergentes, acentuada pela queda dos preços do petróleo.

O dólar comercial subiu 2,07% e fechou em R$ 3,2782, maior alta desde 18 de maio de 2016. Com isso, a moeda americana encerra a semana em alta de 0,79% e acumula valorização de 1,47% no mês e queda de 17,14% no ano. No mercado futuro, o contrato para outubro avançava 2,12% para R$ 3,299.

O real foi a terceira moeda emergente com pior desempenho frente ao dólar, atrás do peso colombiano e do rand sul-africano.

O temor com uma antecipação da alta de juros nos EUA voltou a ganhou força com comentários mais "hawkish" de membros do Federal Reserve (Fed, banco central americano) nesta sexta-feira, que acabaram provocando um movimento de realização, após a recuperação dos ativos emergentes depois dos dados abaixo do esperado do último relatório de emprego (?payroll') dos Estados Unidos, divulgado no dia 2 de setembro.

O presidente do Fed de Boston, Eric Rosengreen, afirmou nesta sexta-feira que "há um argumento razoável" para uma elevação de juros para evitar um superaquecimento da economia. Apesar de não defender explicitamente uma alta de juros na próxima reunião de setembro, os comentários do membro do Fed reforçaram as apostas na alta da taxa básica de juros americana neste ano.

Essa leitura foi endossada por outro integrante do conselho do Federal Reserve, Daniel Tarullo. Em entrevista à CNBC, o membro do Fed disse que não descartaria a possibilidade de elevação da taxa de juros americana neste ano e destacou que o debate sobre a normalização deve ser "robusto" na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) , prevista para 20 e 21 de setembro.

A probabilidade de uma alta de juros em setembro nos Estados Unidos refletida na curva dos Treasuries subiu de 18% ontem para 24%. Já a chance de uma elevação em dezembro subiu de 41,4% para 58,4%.

Outro fator que contribuiu para a queda das moedas emergentes, principalmente às atreladas a commodities , foi a inflação abaixo do esperado na China, que trouxe uma preocupação com o ritmo de crescimento da economia chinesa. O índice de preços ao consumidor na China desacelerou em agosto e subiu 1,3%, abaixo do avanço de 1,6% esperado pelo mercado, perdendo velocidade pelo quarto mês consecutivo.

No mercado local, o Banco Central seguiu com a oferta de contratos de swap cambial reverso e vendeu hoje mais 10 mil contratos, que equivalem a uma compra de US$ 500 milhões no mercado futuro.