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Lula pede a Haddad mais empenho em sua campanha à reeleição

09/09/2016 22h20

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu na noite desta sexta-feira maior participação do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), na disputa pela reeleição. "Estou enchendo o saco do Haddad para que ele peça licença da Prefeitura, para ele começar [a trabalhar na campanha] às 6h da manhã, na rua, com o povo", disse Lula para seu afilhado político em evento na quadra do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, no centro da capital.

Lula começou seu discurso de aproximadamente 15 minutos dizendo que recebeu no último sábado de seus médicos a informação de que não tem mais "sinal" do câncer do qual foi vítima nos últimos anos. No entanto, o líder petista foi aconselhado por eles a poupar a sua voz. Mesmo assim, disse, compareceu ao evento na noite desta sexta-feira "por uma única razão".

"Quem é o carro-chefe da campanha é ele (Haddad). Ele quem tem a obrigação política de tentar mostrar para o povo tudo o que foi feito por ele e pelo [candidato a vice e atual secretário de educação, Gabriel] Chalita", disse. "Só tem uma pessoa capaz de convencer esse povo, não esses que estão aqui [na quadra], mas os que tão lá fora, a te eleger a prefeito de São Paulo: é você", disse para o prefeito, pedindo que ele coloque "o coração" na campanha. Anteriormente, Lula já havia afirmado que Haddad divulgava pouco o seu governo.

Nesta noite, ele também fez acenos a Luiza Erundina (Psol), afirmando que a deputada federal e Haddad eram os únicos dois candidatos em São Paulo não alinhados com o impeachment da presidente agora afastada Dilma Rousseff. Lula ainda criticou diretamente a ex-petista Marta Suplicy, hoje no PMDB, e João Doria (PSDB).

Haddad, por sua vez, tentou mostrar entusiasmo para as centenas de pessoas presentes na quadra. O local estava cheio, mas a militância mostrou menos empolgação do que em eventos anteriores ao impeachment de Dilma.

"Eu me deixava abater em 2012 com as pesquisas", disse. "A quatro dias da eleição, eu estava com 19% nas pesquisas. No dia da eleição (no primeiro turno), terminei com 29%", afirmou. "Quem me motivou a lutar até o último segundo foram vocês, e o que eu peço para vocês agora é: não vamos esmorecer no último momento", disse para o público. Ele pediu também para, "com o pouco tempo que nós temos", usar as três semanas até a eleição "para conversar com a população" sobre os feitos da atual gestão.

Em princípio, o ato foi convocado nas redes sociais como um protesto contra a reforma trabalhista proposta pelo presidente Michel Temer. O pemedebista foi diversas vezes lembrado negativamente pela plateia com o já tradicional "Fora, Temer". A divisão da mensagem ficava clara com o adesivo usado por boa parte dos presentes, tanto militantes quanto políticos, no qual estava escrito "Fora, Temer; Fica, Haddad".

Com o resultado de pesquisa Datafolha divulgada no começo da noite, no entanto, o evento rapidamente virou um comício em favor do Haddad, com aqueles que discursaram tentando injetar ânimo na militância. Uma das defesas mais enfáticas foi feita pelo vereador Jamil Murad (PCdoB). Ele pediu que o prefeito participe por pelo menos "cinco minutos" do próximo protesto contra Temer, mas comparou o petista ao corredor jamaicano Usain Bolt. "Haddad é como o Bolt, quando chegar no final, ele vai passar e ganhar", disse.

Rui Falcão, presidente do PT, disse que alguns adversários do prefeito estão "temporariamente" na frente. Chalita teve discurso parecido: "Pesquisa é bobagem, mede o momento".

Em pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, Haddad aparece com 9% das intenções de voto, em quarto lugar, atrás de Celso Russomanno (PRB), com 26%, Marta Suplicy, com 21%, e João Doria, com 15%. Embora Russomanno tenha caído cinco pontos percentuais, Doria e Marta subiram 11 e cinco pontos percentuais, respectivamente, enquanto Haddad cresceu apenas um.

A pesquisa foi feita sob encomenda da TV Globo e do jornal "Folha de S. Paulo". O Datafolha ouviu 1.092 eleitores no dia 8 de setembro. A margem de erro da pesquisa - registrada no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo com o número 00567/2016 - é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.