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Cunha promete livro com conversas que teve sobre impeachment de Dilma

13/09/2016 01h01

O agora ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse na madrugada desta terça-feira que pretende escrever um livro contando os bastidores do processo de impeachment de Dilma Rousseff, em que ele foi personagem central. Cunha falou a jornalistas momentos após a sessão que determinou a cassação do seu mandato e sua fala foi repleta de críticas à atuação do governo, da imprensa e do presidente da Câmara, seu hoje desafeto Rodrigo Maia (DEM-RJ).

"Eu vou escrever um livro do impeachment, eu vou contar obviamente tudo o que aconteceu no impeachment, diálogo com todos os personagens que participaram de diálogos comigo com relação ao impeachment. Esses serão tornados públicos na sua integralidade", afirmou o deputado, que teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar, após supostamente mentir à CPI da Petrobras ao dizer que não possuía contas no exterior.

Aparentando calma após uma sessão em que 450 dos 531 colegas lhe tiraram o mandato de deputado e os direitos políticos por oito anos, Cunha disse que este, no momento, é o único plano que tem para a vida fora da Câmara, onde desempenhava seu quarto mandato.

"Primeiro vou procurar uma boa editora para o livro, ver se eu consigo ter uma boa renda com o livro, e depois eu vou pensar no que eu vou fazer", afirmou.

Cunha voltou a negar que pretende fazer uma delação premiada, no âmbito da Operação Lava-Jato. "Só faz delação quem é criminoso. Eu não sou criminoso, não tenho delação", disse.

Sobre os processos que ele responde na Justiça, ele afirmou que os delatores que o citaram estavam mentindo e não apresentaram provas. "O ônus da prova é de quem acusa. Os seis delatores que participam do processo estão mentindo entre si e mentindo com suas próprias delações", afirmou. Cunha disse ainda que sua família "foi vítima de um processo político para me atingir". Sua mulher, a jornalista Claudia Cruz, é ré na Lava-Jato, acusada de enriquecimento ilícito.

Cunha se diz vítima do "binômio governo e Globo, associado ao PT". Ele se diz vítima de uma campanha de difamação promovida pela emissora. E que o governo Michel Temer associou-se ao PT para eleger Rodrigo Maia presidente da Câmara, em detrimento da candidatura de seu então aliado Rogério Rosso (PSD-DF). Ironicamente, Rosso votou a favor da cassação de Cunha.

"Estou culpando o governo. [O governo] tem a responsabilidade na medida em que patrocinou uma candidatura do presidente da Câmara junto com o PT com esse compromisso", afirmou.