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Monitor do PIB tem pior agosto desde 2000, nota FGV

20/10/2016 14h26

Depois de apontar crescimento de 0,22% em julho, o Monitor do PIB, da Fundação Getulio Vargas (FGV), teve retração de 1,61% em agosto, na série com ajuste sazonal. É o maior recuo mensal desde a queda de 1,65% em junho de 2014. É também a maior queda para o mês desde o início da série histórica do Monitor, em 2000.

O recuo da atividade em agosto foi influenciado pelas quedas expressivas da indústria e do comércio e, do lado da demanda, do consumo das famílias.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, o Monitor aponta um recuo menos intenso em agosto, de 3,2%, ante o visto em julho, de 3,8%. Em 12 meses, a atividade econômica se retraiu 4,8%, dado ligeiramente melhor que a queda de 4,9% de julho.

Indústria

O PIB industrial caiu 2,12% em agosto, após aumento de 0,94% em julho, influenciado pelo recuo nos segmentos de transformação (-2,14%), eletricidade (-1,59%) e construção (-1%). A indústria extrativa cresceu 0,44%.

Comércio

No comércio, que no PIB fica dentro do conjunto de serviços, a queda foi forte, de 3,54%. Os transportes recuaram 3,60% e a intermediação financeira teve baixa de 0,64%. O conjunto dos serviços aprofundou o recuo de 0,08% em julho para 0,64% em agosto. A agropecuária foi o único ponto positivo no lado da oferta, com aumento discreto de 0,02%, após a queda de 0,22% em julho.

Demanda

Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias levou um tombo de 1,37%, após ter registrado alta de 0,58% em julho, na série com ajuste. O consumo do governo caiu 0,35%, após recuo de 0,26% no mês anterior, e a formação bruta de capital fixo (medida de investimentos) caiu 2,09%, bem menos que o recuo de 5,84% de julho.

O setor externo deu contribuição negativa para o PIB de agosto, com queda de 8,24% das exportações e aumento de 2,45% nas importações. Em julho, a situação foi inversa, com aumento de 2,60% e queda de 4,94%, respectivamente.

Já na comparação com agosto do ano passado, a indústria cai menos em agosto (-2,3%) que em julho (-3,9%), o mesmo ocorre com os serviços, com queda de 2,7% em agosto ante recuo de 3,5% em julho, e com a agropecuária, queda de 2,3% em agosto e de 3,3% em julho.

No lado da demanda, o desempenho, embora negativo, também é melhor. Em agosto ante o mesmo período do ano passado, o consumo das famílias cai 3,4%, após recuo de 6% em julho. O consumo do governo repete a taxa negativa de 1,9% e a formação bruta de capital fixo sai de queda de 12,4% para recuo de 9,8%. As exportações crescem 10,1%, após queda de 4,6% e as importações aumentam 8,1%, após queda de 16,9% em julho.

Taxa trimestral

Apesar da expressiva queda de 1,61% em agosto ante julho, o Monitor do PIB mostra uma leitura menos pessimista na taxa trimestral. No trimestre móvel junho-julho-agosto, o Monitor aponta queda de 0,35% ante o período março-abril-maio, quando o recuo foi de 1,05%. É a taxa menos negativa em seis trimestres. Nessa série, o PIB tem melhorado desde a queda de 2,26% registrada no trimestre encerrado em agosto do ano passado.

A queda trimestral de 0,35% no PIB é composta de retrações de 0,1% na indústria, de 0,17% nos serviços e de 2,18% na agropecuária. Do lado da demanda, houve recuo de 9,34% no consumo das famílias, aumento de 0,84% no consumo do governo e aumento de 1,59% na formação bruta de capital fixo (medida de investimentos. No setor externo, houve queda de 8,38% nas exportações e aumento de 4,12% nas importações.

"Apesar dessa melhora na taxa trimestral, a taxa mensal indica cautela quanto à velocidade de recuperação da atividade econômica", afirma, em nota, Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.

Na comparação do trimestre móvel até agosto com o mesmo período em 2015, o PIB apresentou queda de 3,2%, o resultado menos negativo desde o trimestre findo em agosto de 2015 (-3,1%). Nesta comparação, o PIB da indústria caiu 2,4%, resultado menos negativo desde dezembro de 2014 (-3,1%). No setor de serviços, houve queda de 2,9% e, na agropecuária, recuo de 2,2%.