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Receio com Trump diminui, mas Bovespa fecha em queda

09/11/2016 18h40

Depois da surpresa dos investidores com a vitória de Donald Trump na disputa pela presidência dos Estados Unidos, o Ibovespa, que chegou a cair 3,68% durante a manhã, fechou com uma baixa mais moderada, de 1,40% aos 63.258 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 9,5 bilhões, acima da média diária mensal de novembro, que é de R$ 6,6 bilhões.

O índice seguiu o comportamento das bolsas americanas, que chegaram a cair no início do pregão, mas fecharam em alta. "Alguns setores que compõem o S&P 500, como saúde, e que poderiam não ser favorecidos por um governo de Hillary Clinton, subiram", diz um operador. As bolsas americanas só começam a funcionar às 12h30, no horário de Brasília. "Quando os mercados abriram os investidores já tinham assimilado o discurso conciliador de Trump", diz um operador.

O movimento de realização de lucros do Ibovespa deve ser de curto prazo, já que o índice acumula alta de 45,92% no ano. "O Brasil pode continuar atraindo recursos estrangeiros para o mercado de ações se recuperar a sustentabilidade fiscal e retomar o crescimento", diz Daniel Cunha, estrategista-chefe Global da XP Securities, em Nova York.

Os analistas consideram que a partir de agora as atenções estarão voltadas para descobrir quanto do discurso de Trump durante a campanha eleitoral se traduzirá em fatos concretos. Os efeitos para o médio prazo são difíceis de prever, já que os investidores desconhecem a agenda econômica do presidente eleito.

Em relatório distribuído aos clientes, a equipe de economistas do Citi, liderada por Julio Zamora, avalia que o mercado de ações da América Latina pode ter queda entre 5% e 10% em um movimento de reavaliação dos ativos de risco.

Para André Rosenblit, diretor de equities do banco Santander, Trump mostrou que o marketing da campanha é uma coisa e a gestão é outra coisa. "Ele se mostrou pragmático e favorável a um ambiente de negócios", diz. Para ele, a alta liquidez global deve evitar que haja uma queda nas bolsas de valores de mercados emergentes. Os investidores vão continuar procurando ativos de risco, avalia ele. "Ficou claro que nestes momentos de instabilidade, os investidores aproveitam para comprar e não para vender ações", diz Rosenblit.

Ele cita que as ações que mais sofreram na bolsa de valores com a vitória de Trump são os papéis ordinários da Iochpe-Maxion, que caíram 8,01%, e as ações da Tupy, que tiveram baixa de 6,98%. As duas empresas têm plantas no México e exportam para os Estados Unidos. Durante a campanha, Trump afirmou que iria construir um muro na fronteira entre os Estados Unidos e o México para evitar a entrada imigrantes ilegais no país.

Já as ações preferenciais da Gerdau subiram 6,36%, a maior alta do Ibovespa. "A empresa tem uma planta nos Estados Unidos e vende para o país", diz Rosenblit. O presidente da empresa, André Gerdau Johannpeter, afirmou que espera que o governo de Trump gere crescimento e empregos. "Os dois candidatos citaram muito a infraestrutura como uma prioridade e esperamos que o novo presidente Trump cumpra com essa promessa que beneficia todo o setor de aço", disse em teleconferência com jornalistas.

Outros destaques de alta foram os papéis ordinários da Vale, que tiveram ganho de 4,30%, os papéis PNA da Vale subiram 1,86%, as ações da Gerdau Metalúrgica tiveram alta de 3,75% e os papéis ordinários da Bradespar subiram 3,67%.

As ações da Vale subiram acompanhando a alta no preço do minério de ferro. A tonelada do produto teve alta de 3,9% para US$ 70,98, o maior valor desde o fim de 2014.

O preço do barril do petróleo negociado no mercado internacional fechou em alta e fez com que as ações ordinárias da Petrobras subissem para 0,94%. Já os papéis preferenciais tiveram queda de 2,29%. A estatal anuncia o resultado financeiro do terceiro trimestre amanhã e as projeções oscilam entre um lucro líquido de R$ 1,417 milhões a R$ 4,657 bilhões. No mesmo período do ano passado, a Petrobras teve prejuízo de R$ 3,8 bilhões.

As ações com as maiores quedas foram os papéis ordinários da BB Seguridade, com queda de 3,54, as ações ordinárias da Kroton, com baixa de 4,55% e os papéis da Cemig, com baixa de 3,52%.