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Juros sobem de olho nos EUA e mercado reduz aposta em corta da Selic

14/11/2016 16h40

As taxas dos contratos futuros de juros fecharam em alta nesta segunda-feira, véspera de feriado, ainda refletindo o movimento de correção das posições no mercado de bônus no exterior. O aumento das taxas dos títulos americanos (Treasuries) lá fora, diante da preocupação com uma política fiscal mais expansionista do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e a alta do dólar têm levado os investidores a revisar o cenário para a taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para 29 e 30 deste mês. As apostas, agora, estão divididas entre um corte de 0,25 ponto percentual e a estabilidade da taxa básica em novembro.

A expectativa de um aperto monetário maior que o esperado nos Estados Unidos, diante da perspectiva de uma política mais inflacionária de Donald Trump, provocou uma forte alta das taxas dos Treasuries, o que acabou levando a um ajuste dos prêmios de risco nos mercados emergentes.

Desde a vitória de Trump na eleição presidencial dos EUA, a taxa do Treasury de dez anos subiu de 1,858% para 2,203%. O Goldman Sachs e o Bank of America Merrill Lynch preveem a continuidade desse movimento de alta, com a taxa do papel devendo alcançar 2,50%.

Esse aumento da volatilidade nos mercados levou os investidores a reduzirem as projeções de corte para a taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para 29 e 30 deste mês.

Pesquisa Focus, divulgada hoje pelo Banco Central, mostrou que a mediana das projeções para a taxa Selic no fim do ano passou de 13,50% para 13,75%, com os analistas esperando agora um corte de 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros em novembro. Já a mediana das expectativas para a taxa básica no ano que vem ficou estável em 10,75%.

De outro lado, apesar da alta do dólar, as expectativas de inflação continuam mostrando uma melhora. A mediana das projeções para o IPCA para o fim de 2016 caiu de 6,89% para 6,84%, enquanto a mediana das expectativas para 2017 recuou de 4,94% para 4,93%.

Na BM&F, o DI para janeiro de 2018 subiu de 12,33% para 12,54%, enquanto o DI para janeiro de 2019 avançou de 11,99% para 12,22%. Já o DI para janeiro de 2021 subiu de 11,87% para 12,42%, maior patamar desde 24 de junho.

Para o estrategista da Icap Corretora, Juliano Ferreira, o aumento da volatilidade nos mercados pode levar o Banco Central a não subir a taxa básica de juros em novembro. "Se os mercados não tiverem um respiro e a volatilidade continuar alta, achamos que o BC pode ser forçado a fazer uma pausa temporária no ciclo de afrouxamento monetário para observar se o movimento global é permanente ou temporário", diz.

Hoje a curva embute cerca de 17% de chance de estabilidade da Selic em novembro, contra probabilidade zero na sexta-feira.

O estrategista acredita que alta das taxas dos Treasuries em função da incerteza em relação à política monetária nos EUA deve continuar afetando a curva de juros no Brasil no próximo mês, bem como o mercado de câmbio local. "Mas é difícil entender se esse movimento temporário ou é um choque permanente e o quanto deve durar", diz.

O cenário-base da Icap, no entanto, ainda é do BC usar uma combinação da política monetária com a política cambial e manter as intervenções no mercado de câmbio para evitar um aumento na volatilidade ou qualquer desalinhamento entre os fundamentos e o nível de câmbio, deixando espaço para um corte de 0,25 ponto percentual da taxa Selic em novembro dado o progresso na queda das expectativas de inflação e no lado fiscal.