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Dólar recua após 4 altas com ação de BC e Tesouro

16/11/2016 18h00

Após quatro pregões consecutivos de alta, o dólar fechou em queda frente ao real refletindo a ação conjunta do Banco Central e do Tesouro Nacional para oferecer suporte e liquidez para os agentes do mercados diante das distorções de preços provocadas pelo aumento da volatilidade verificada nos últimos dias.

O BC intensificou a atuação no mercado de câmbio e voltou a realizar hoje uma venda líquida de 10 mil contratos de swap cambial tradicional, o equivalente a uma venda de US$ 500 milhões no mercado futuro. Na sexta-feira, o BC chegou a vender 19.050 contratos, operação que totalizou US$ 952,5 milhões. Com isso, o BC já fez uma injeção adicional no mercado de US$ 1,4553 bilhão por meio desses contratos, buscando oferecer hedge e liquidez para os agentes financeiros. A autoridade monetária também aumentou o volume ofertado nos leilões de rolagem do lote de US$ 6,490 bilhões nesses derivativos que vence em 1º de dezembro de 15 mil para 20 mil contratos.

A intensificação da atuação do BC, em conjunto com o Tesouro, ajudou a acalmar o mercado. O dólar comercial fechou em queda 0,65% cotado a R$ 3,4209. Já o contrato futuro para dezembro recuava 0,38% para R$ 3,437.

O movimento no mercado local descolou da valorização da moeda americana no exterior, com os investidores corrigindo as posições após a queda do dólar frente às moedas emergentes ontem, quando o mercado de câmbio ficou fechado por causa do feriado.

Hoje, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, disse que a autoridade monetária tem munição suficiente para manter a tranquilidade do mercado, acrescentando que o uso das diferentes ferramentas de que dispõe para o câmbio será feito conforme o comportamento dos mercados.

O economista-chefe da Garde, Daniel Weeks, lembra que apesar da recuperação verificada hoje, a moeda brasileira ainda está desvalorizada em relação aos fundamentos domésticos. Desde a vitória de Donald Trump como novo presidente dos Estados Unidos, o real apresenta a terceira pior performance frente à moeda americana, atrás do peso mexicano, cuja economia tem uma dependência muito grande do comércio com os Estados Unidos, e do rand da África do Sul, que segundo Weeks, tem fundamentos bem piores que o Brasil com alta dependência de financiamento externo. "O que BC está fazendo é dar liquidez para o mercado e permitir que se encontre um equilíbrio do câmbio em um novo patamar, mas de forma ordenada", diz Weeks.

Dada a mudança no cenário externo, Weeks afirma que houve uma mudança de tendência no mundo que aponta para um dólar mais forte, e o patamar do câmbio em relação aos fundamentos hoje está mais entre R$ 3,30 e R$ 3,35.

Segundo Weeks, a performance pior do real é explicada pela alta liquidez do mercado de câmbio, que acaba sendo utilizado pelos investidores estrangeiros para fazer hedge de posições em mercados emergentes.

Além disso, investidores estrangeiros têm aumentado a procura por hedge para as aplicações em renda fixa no Brasil.

Dados do fluxo cambial divulgado hoje pelo Banco Central, confirmam que a alta de 5,07% do dólar na semana passada foi impulsionada mais pela demanda por hedge no mercado de derivativos do que por uma grande saída de recursos do mercado local.

O fluxo cambial ficou positivo em US$ 1,258 bilhão na semana passada, encerrada em 11 de novembro, resultado de uma saída líquida de US$ 843 milhões na conta financeira e de uma entrada líquida de US$ 2,101 bilhões na conta comercial, segundo dados divulgados hoje pelo Banco central.

Apesar da forte volatilidade nos mercados após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial nos Estados Unidos, cujo resultado foi confirmado no dia 9 de novembro, houve uma saída limitada de recursos após o resultado da eleição. Entre os dias 9 e 11 de novembro, foi registrada uma saída líquida de US$ 83 milhões na conta financeira.

No mês, até o dia 11, o fluxo cambial está positivo em US$ 924 milhões, acumulando déficit de US$ 6,052 bilhões no ano.

Nesse cenário, Weeks acredita que o BC pode continuar oferecendo hedge para o mercado por meio de colocação líquidas de contratos de swap cambial tradicional até que as condições sejam normalizadas.