IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Juros futuros de longo prazo têm leve alta e volatilidade diminui

17/11/2016 19h25

Os juros futuros chegaram ao fim do pregão regular desta quinta-feira com variações moderadas, cenário bem diferente do visto nos últimos dias, quando dispararam com um "sell-off" (venda generalizada) global de renda fixa após a eleição de Donald Trump à Presidência dos EUA.

A acomodação do mercado também está relacionada à ação conjunta do Banco Central e do Tesouro Nacional, que equilibrou a taxa de câmbio e deu saída aos agentes do mercado de títulos, ajustando a dinâmica de formação dos preços.

Hoje, o Tesouro recomprou mais 503.500 NTN-F, de uma oferta de 1 milhão de papéis, ainda pagando prêmio ao mercado. A NTN-F 2021, por exemplo, chegou a ser recomprada pelo Tesouro com taxa de 12,100% ao ano, 7 pontos-base abaixo da taxa máxima praticada pelo mercado durante o acolhimento das propostas do leilão, entre 11h30 e 12h.

Para analistas, isso indica que o Tesouro seguiu "agressivo" no mercado, oferecendo condições benignas para redução ou zeragem de posições de investidores. Assim como ontem, a colocação parcial, porém, indica que o próprio mercado já se ajusta entre si, passada a forte correção da semana passada.

Em uma indicação da menor intranquilidade, as carteiras com títulos públicos já ensaiam recuperação, depois de terem registrado a pior semana em um ano. O IMA-Geral - índice da Anbima que representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos composta por NTN-F, NTN-B, NTN-C, LTN e LFT - subiu 0,59% ontem, último dado disponível - maior alta diária desde 17 de março, quando avançou 1,04%.

Uma das questões que se coloca no mercado agora é o espaço que o BC tem para cortar os juros. Algumas casas já revisaram para baixo a estimativa de redução da Selic neste mês, citando a pressão no câmbio e o ambiente geral de incerteza.

Chama a atenção a mudança sobre o Copom deste mês. No dia 8, o posicionamento dos investidores no mercado de DI da BM&F indicava 29% de probabilidade de corte de 0,50 ponto da Selic no próximo dia 30. Nos dias seguintes, a curva não só zerou essa chance como chegou a mostrar probabilidade de 20% de o juro básico ficar estável. Hoje, a curva projeta 8% de chance de estabilidade.

A ligeira alta das taxas longas hoje é explicada pela varição positiva dos "yields" (retorno ao investidor) dos Treasuries, títulos do Tesouro americano, na esteira de declarações da presidente do Federal Reserve (Fed, BC americano), Janet Yellen, reforçando a probabilidade de altas de juros nos EUA. A queda do dólar, contudo, amenizou o movimento, ajudando a segurar as taxas de curto e médio prazos.

"O mercado segue operando ?na vírgula' o movimento dos Treasuries. Se sobe lá, sobe aqui, e vice-versa", diz o operador sênior de renda fixa da Renascença, Luis Laudisio.

Ao fim da negociação normal, às 16h, o DI janeiro de 2021 subia a 12,150% ao ano, frente a 12,090% no ajuste anterior. O DI janeiro de 2019 ia a 12,030%, contra 11,990% no último ajuste. E o DI janeiro de 2018 indicava 12,410%, estável.

No exterior, o "yield" do Treasury de dez anos subia a 2,274% ao ano, frente a 2,2225% do fechamento da véspera. Yellen deu declarações que reforçaram no mercado expectativas de alta de juros nos EUA nos próximos meses, o que acabou impactando as taxas de mercado no país.