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Crise política assusta e Bovespa fecha em queda de mais de 2%

12/12/2016 18h45

Em meio à instabilidade política, o Ibovespa fechou com baixa de 2,19% aos 59.179 pontos. O receio dos investidores é de que a crise política possa atrasar a votação de reformas estruturais. Amanhã, o Senado vota em segundo turno a PEC que determina um teto para os gastos.

Durante a tarde, o Ibovespa chegou a acelerar a tendência de baixa depois que a Procuradoria Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a primeira denúncia contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), dentro da Operação Lava-Jato, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. "Essa instabilidade gera pressão na bolsa de valores", diz Ari Santos, gerente de mesa Bovespa da H.Commor DTVM.

A queda da bolsa só não foi mais intensa porque as ações da Petrobras fecharam em alta. Os papéis preferenciais subiram 0,13% e as ações ordinárias tiveram alta de 0,88%. A alta na cotação das ações acompanhou a valorização do petróleo no mercado internacional. O preço do barril do produto subiu depois que um grupo de países produtores de petróleo de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), incluindo a Rússia, concordou em cortar a produção em 558 mil barris diários. Juntas, as ações da Petrobras representam 11% da composição do Ibovespa.

Por enquanto, os investidores acreditam que a delação premiada do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, não deve prejudicar a aprovação das reformas. O presidente Michel Temer foi citado 43 vezes no documento de delação premiada. Também foram mencionados os nomes de Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, citado 45 vezes, e o de Moreira Franco, secretário de Parceria e Investimentos do governo Temer, que foi citado 34 vezes.

As ações com as maiores quedas do dia foram as das companhias siderúrgicas. As ações da Gerdau caíram 5,83%, os papéis da Gerdau Metalúrgica tiveram baixa de 8,84%. De acordo com operadores, o banco Santander reviu a recomendação para as ações da empresa de compra para manutenção. As ações da CSN recuaram 2,30% e os papéis da Usiminas caíram 2%. "As siderúrgicas já haviam subido bastaste neste ano e passam por um movimento de realização de lucros", diz Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.

Os papéis das instituições financeiras, por serem líquidas, também tiveram baixa. As ações preferenciais do Bradesco caíram 4,16%, os papéis preferenciais do Itaú Unibanco recuaram 4,13%, as ações ordinárias do Banco do Brasil fecharam em baixa de 4,77% e as ações unit do Santander tiveram baixa de 3,09%. "Está havendo um movimento forte de queda das ações com maior liquidez, é um sinal de debandada da bolsa", diz Figueredo.

Só duas ações fecharam em alta. Os papéis da Petrobras e da Braskem, que subiram 0,99%. De acordo com operadores, o banco UBS teria elevado a recomendação para as ações da Braskem para compra.

Fora do Ibovespa, as ações da Oi subiram 2,08% depois da notícia de que a Anatel vai analisar nesta semana o pedido de anuência prévia para que os representantes do fundo Société Mondiale, do empresário Nelson Tanure, possam ocupar seus assentos no conselho de administração da Oi.

O giro financeiro do Ibovespa ficou em R$ 5,6 bilhões.