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Ibovespa sobe com recuperação de commodities

13/03/2017 13h36

A recuperação dos preços do minério de ferro no mercado internacional deu fôlego para que o Ibovespa operasse em alta nesta manhã. Às 13h19, o principal índice da BM&FBovespa subia 0,98% aos 65.310 pontos.


As ações da Vale operavam em alta e ajudavam a sustentar o índice. O preço do minério de ferro subiu 1,8%, em Qingdao, na China, e puxou para cima todas as ações de mineradoras no mundo. As ações PNA da Vale subiam 4,86% e os papéis ordinários tinham alta de 5,73%. Entre as principais altas do horário, também estavam Cemig PN (5,84%), Bradespar PN (4,30%) e Rumo ON (3,21%).


A Cemig indicou que pretende levantar R$ 6 bilhões com a venda do controle majoritário de quatro hidrelétricas para investidores privados. As usinas são Jaguara, Miranda, São Simão e Volta Grande, cujos contratos de concessão já venceram. A empresa teria até 2018 para fazer essa operação de venda, conforme a nova lei.


Apesar do desempenho positivo do Ibovespa, operadores lembram que o movimento do índice tem sido determinado pelos investidores estrangeiros. Desde o começo do mês, até o dia 8 de março, eles já retiraram R$ 2,02 bilhões da bolsa. "Quando o Ibovespa atingiu 69 mil pontos, eles começaram a realizar os lucros e derrubaram o índice aos 65 mil pontos", diz um operador.


Nesta semana, a atenção dos investidores vai estar concentrada na reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), banco central americano, na quarta-feira (15), que pode decidir pela elevação dos juros. A expectativa dos investidores é que mais duas altas devem ocorrer ainda neste ano. Uma quarta elevação da taxa não está no preço dos ativos e pode trazer instabilidade para o mercado de ações.


Câmbio


A decisão de política monetária do Fed mantém a cautela no mercado de câmbio. É quase consenso entre especialistas que o Estados Unidos terão juros mais altos a partir desta semana. Por isso, o efeito nas cotações do dólar comercial seria apenas pontual. O risco para o mercado reside num tom mais agressivo do banco central americano, com possíveis indicações de que estaria disposto a estender o ciclo de aperto monetário.


"O aumento de juros nesta semana não deve interferir muito em termos de volatilidade, porque já foi embutido no preço. Pode ter uma pequena oscilação, mas sem mudar de patamar no câmbio", afirma Tarcísio Rodrigues, diretor de câmbio do Banco Paulista. Na avaliação do especialista, o Brasil hoje tem mais condições de absorver esse impacto, tendo em vista o volume de reservas do país. Além disso, o diferencial de juros com outras praças ainda deve atrair capital para os ativos domésticos.


Às 13h29, o dólar comercial subia 0,21%, a R$ 3,1513, depois de abrir em leve baixa. No mercado futuro, o dólar para abril ganhava 0,25%, a R$ 3,1675.


O cenário político também desperta cautela, mas os profissionais do mercado seguem positivos para a economia.


"Se algo atingir o governo, pode ser que mude o cenário", diz o diretor de câmbio do Banco Paulista. "É um cenário pouco provável, mas tem de ficar de olho, por causa de questões de governabilidade".


Juros


O mercado de renda fixa continua se ajustando às apostas para o corte da Selic na próxima reunião do Copom. Os juros futuros, principalmente os vencimentos mais curtos, apontam para baixo desde a abertura, em meio à percepção de que há espaço para redução de 1 ponto percentual da taxa básica de juros. Entretanto, a cautela com o anúncio do Federal Reserve, na quarta-feira, inibe movimentos mais acentuados.


Mesta segunda-feira, o boletim Focus mostrou nova redução nas expectativas para a taxa básica de juros. Agora, a estimativa do mercado é de que a Selic vai recuar a 9% no fim do ano, ante 9,25% na semana passada. Para o IPCA, a projeção caiu para 4,19%, ante 4,36%.


"O boletim Focus está incorporando a informação de sexta-feira, quando o IPCA de fevereiro ficou abaixo do esperado", afirma o estrategista-chefe Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. Na avaliação do especialista, o mercado já antecipa o cenário mais benigno na inflação e o corte de 1,00 ponto em abril é mais provável. Por isso, daqui para frente, os ajustes na curva de juros futuros podem ser mais tímidos


Às 13h29, o DI janeiro de 2018 caía a 10,025%, ante 10,070% no ajuste anterior, tendo tocado mínima de 10,025% na manhã. Já o DI janeiro de 2019 operava estável em 9,520%, mesma taxa do ajuste de sexta-feira.


Entre os vencimentos de médio e longo prazos, o DI janeiro de 2021 marcava 9,930%, ante 9,970%, e o DI janeiro de 2023 exibia 10,190%, ante 10,250%. O DI janeiro de 2025 estava em 10,290%, de 10,340% no ajuste anterior.


O sócio-gestor da Modal, Luiz Eduardo Portella, afirmou aoValorque a queda da projeção para o IPCA em 2017 na Focus para 4,19%, bem abaixo da meta, reforçou sua visão de que as condições para o BC acelerar o ritmo de corte estão colocadas. A Modal alterou hoje seu cenário para a Selic e passou a considerar dois cortes de 1,25 ponto da taxa, seguidos de uma redução de 0,75 ponto e outar de 0,50 ponto.


"O cenário está muito apertado e hoje a economia só conta com o Banco Central para fazer alguma coisa", afirma. Embora Portella reconheça que há riscos no horizonte - a alta dos juros pelo Fed e o cenário político, com possíveis consequências sobre a agenda de reformas -, a atividade ainda muito fraca e a inflação se afastando da meta configuram uma janela de oportunidade para o BC acelerar o passo agora.