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Lista de Janot e incerteza sobre reformas faz Ibovespa fechar em queda

16/03/2017 17h48

As incertezas em relação à "lista de Janot" e o debate sobre a reforma da Previdência Social são questões que permeiam as decisões de investimento no mercado acionário. Sem respostas concretas, os investidores têm concentrado as operações no day-trade _ compra e venda no mesmo dia. Hoje, o Ibovespa fechou com queda de 0,68% aos 65.783 pontos, com giro financeiro de R$ 6,06 bilhões.


Para Marco Tulli Siqueira, gerente de Mesa Bovespa da Coinvalores, esse cenário traz volatilidade ao Ibovespa. "As apostas acabam ficando restritas ao curtíssimo prazo", diz. As duas principais empresas do índice, Vale e Petrobras, fecharam em baixa e ajudaram a definir o movimento do Ibovespa.


As ações da Vale PNA caíram 2,65% e os papéis ordinários tiveram baixa de 2,37%. Apesar da queda de hoje, nos últimos 12 meses, os papéis acumulam alta de mais de 100%. Pelo menos dois fatores indicam que, apesar da desvalorização, não deve haver reversão na trajetória do movimento de alta para a Vale. O preço do minério de ferro continua em alta no mercado internacional. A tonelada do produto subiu 1,8% para US$ 92,61, em Qingdao, na China, hoje.


Outro indicador que mostra que não há mudança na trajetória de alta para as ações da Vale é o volume de aluguel de ações da empresa registrado na BM&FBovespa. O volume de aluguel de ações da Vale caiu. No dia 8 de março estava em 89,8 milhões de ações alugadas. Hoje, esse número havia caído para 78,5 milhões de ações. "Não temos visto muita demanda. Está tranquilo conseguir o papel", diz Guilherme Felipe, head da mesa de BTC, da XP Investimentos.


Uma das estratégias possíveis quando o investidor faz uma operação de aluguel de ações é a aposta de que o preço do papel está caro. Nesse caso, ele aluga a ação e vende o papel para outro investidor. Quando o preço do papel cai, ele compra a ação para entregar ao doador do papel ? que fez o empréstimo.


A recente redução dos contratos de empréstimos de ativos da Vale pode ser atribuída ao fato de que essa estratégia perdeu atratividade. Ou seja, os investidores que apostavam na baixa da ação perceberam que esse movimento não se concretizaria no curto prazo.


As ações da Petrobras também fecharam em baixa. Os papéis preferenciais recuaram 3,45% e as ações ordinárias caíram 2,51%. O preço do petróleo fechou com queda no mercado internacional em meio a temores de que os cortes de produção implementados a partir de janeiro pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e por grandes exportadores, como a Rússia, não sejam suficientes para equilibrar o mercado.


Ontem, o TCU (Tribunal de Contas da União) liberou a venda de ativos da empresa, mas exigiu mudanças no processo de desinvestimentos. A percepção dos analistas é de que o processo de venda - fundamental para que a companhia reduza sua alavancagem - será mais lento e burocrático.


Outra notícia negativa para as ações da Petrobras foi a notícia divulgada pelo jornal O Estado de S.Paulo de que o governo estuda elevar a incidência de PIS e Cofins sobre os combustíveis. A interpretação dos analistas é de que, ainda que todo o aumento de tributo seja repassado ao consumidor, trata-se de uma ação com viés contracionista.


Já as ações da Suzano Papel e Celulose fecharam com alta de 6,76%, a maior valorização do dia. Os papéis subiram impulsionados pelas perspectivas mais otimistas para os preços da fibra curta de celulose e pela valorização do dólar. No começo da semana, a empresa havia anunciado aumento de preço de US$ 30 por tonelada, válido a partir de 1º de abril. As ações da Fibria tiveram alta de 4,35%.


Fora do Ibovespa, as ações da Mangels Industrial subiram 102,74% depois de a companhia ter encerrado o processo de recuperação judicial. Ao mesmo tempo em que fortaleceu seu caixa, a Mangels implementou mudanças organizacionais para a recuperação de sua saúde financeira, reduzindo custos e melhorou o fluxo de caixa, com a implantação de um rígido controle de despesas e custos.