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Bolsa ensaia recuperação após "Carne Fraca"

20/03/2017 14h22

O Ibovespa oscilou durante a manhã desta segunda-feira, mas chegou às 14h, com alta de 0,52% aos 64.545 pontos.


O índice, que chegou a cair 2,39% na sexta-feira, devido à operação "Carne Fraca", da Polícia Federal, recupera parte das perdas, como os investidores analisando os reais efeitos da ação para as empresas. A alta das bolsas americanas também contribuía para a recuperação do Ibovespa. O S&P 500 tinha leve baixa de 0,06% aos 2.376 pontos, o Nasdaq operava com alta de 0,11% aos 5.907 pontos e o Dow Jones tinha alta de 0,13% aos 20.941 pontos.


As ações de empresas frigoríficas continuam entre as maiores quedas do dia. Marfrig ON cai 4,11% e, BRF ON, 2,83%."O foco do mercado hoje são as empresas frigoríficas", diz Ari Santos, gerente de mesa Bovespa da H.Commor DTVM.


A China suspendeu o embarque de carnes brasileiras por uma semana, para averiguar os fatos divulgados pela operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, na sexta-feira (17). A União Europeia estima que quatro dos 21 frigoríficos implicados na fraude da operação Carne FracA têm autorização para exportar para o mercado europeu. A União Europeia pediu hoje para o Brasil não mais permitir que os envolvidos vendam à Europa. O ministro da agricultura do Chile, Carlos Furche, anunciou no Twitter que vai cancelar as importações de carne bovina brasileira, até que o país tenha mais esclarecimentos sobre as implicações da operação Carne Fraca.


Outras quedas do horário são Cemig PN (-4,40%), Smiles ON (-3,46%) e Sabesp ON (-2,79%).


Entre as maiores valorizações na bolsa no horário estavam Fibria ON (4,51%), Suzano PNA (3,66%), Eletrobras ON (3,10%), Ambev ON (3,02%) e Weg ON (2,67%).




Dólar


O dólar retorna aos níveis do fim de fevereiro na sessão desta segunda-feira, ao cair a R$ 3,07 na mínima do dia. O movimento reflete, na avaliação de especialistas, um ambiente externo favorável aos ativos de emergentes, após o Federal Reserve (Fed), banco central americano, indicar que o aperto monetário nos EUA acontece apenas de forma gradual.


O cenário doméstico traz cautela entre os investidores, embora riscos maiores, como um embargo definitivo a exportações brasileiras, não tenham se concretizado. Com isso, o dólar até subiu ante o real mais cedo, mas o movimento foi temporário.


Às 14h11, o dólar comercial recuava 0,80%, cotado a R$ 3,0750. Este é o menor valor desde a sessão de 24 de fevereiro, quando o dólar marcou R$ 3,0715.No mercado futuro, o dólar para abril caía 0,56%, a R$ 3,08650, com mínima em R$ 3,0915 (-0,52%).


O começo da sessão foi marcado por cautela, com dólar em alta. O impacto da Operação "Carne Fraca" na balança comercial era um tema frequentemente citado entre os operadores, tendo em vista os efeitos negativos para a imagem do país junto a parceiros comerciais.


"A operação da Polícia Federal assusta um pouco os investidores, mas não teve efeito maior sobre o dólar", diz o operador Cleber Alessie Machado Neto, da H.Commcor. "Ainda é muito cedo para ver o impacto em exportações e fluxo cambial. E as decisões de alguns importadores de restringir compras de alimentos parece não ser definitiva", diz.


Nas máximas, o dólar comercial subiu até R$ 3,1155 e o futuro para abril marcou R$ 3,1270.


Outra discussão que alimenta cautela é um possível aumento de impostos pelo governo. A leitura de parte dos investidores, contudo, é de que as reformas podem evitar uma medida contracionista de maior extensão. "O que importa mais (que o imposto em si) é o compromisso para o ajuste de contas. A menos que essa questão possa prejudicar a atividade, o mercado parece estar reagindo pouco", diz o sócio e gestor da Laic-HFM Gestão de Recursos, Vitor Carvalho.


Juros


O mercado de renda fixa iniciou a sessão sob cautela com o ambiente doméstico. As taxas dos juros futuros exibiam viés de alta diante da apreensão com possíveis efeitos negativos da "Carne Fraca" na economia. O movimento era alimentando ainda pelo avanço do dólar frente ao real. No entanto, conforme os investidores analisavam as informações, os DIs aproximaram-se da estabilidade.


"O mercado iniciou a sessão refletindo a cautela com a operação da PF, mas há a sensação por enquanto de que as irregularidades não são generalizadas", diz o sócio e gestor da Rosenberg Investimentos, Marcos Mollica. "Parece que não vai afetar a exportação brasileira".


Às 14h15, o DI janeiro de 2021 avançava a 9,980%, de 9,970% no ajuste anterior, e o DI janeiro de 2019 avançava a 9,560%, de 9,540%. Já o DI janeiro de 2018 marcava 10,000%, ante 10,010% no ajuste anterior.


"Os investidores estão avaliando as informações, com abertura tímida na ponta mais longa dos juros futuros", aponta Matheus Gallina, trader de renda fixa na Quantitas."Na abertura, também havia alguma aversão ao risco lá fora, com bolsas caindo", diz.