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Dow Jones modera perda e Nasdaq tem ganho com adiamento do 'Trumpcare'

24/03/2017 18h17

O maior catalisador em Wall Street nesta sexta-feira veio de um "não evento". Ao decidir adiar por tempo indeterminado a votação do projeto de lei do governo Donald Trump que revoga e substitui o Affordable Care Act, mais conhecido como Obamacare, os deputados republicanos, do partido de Donaldt Trump, mudaram também o jogo nas bolsas de Nova York.


Após ajustes, o Dow Jones fechou em queda de 0,29%, a 20.596,72 pontos, após ter chegado a cair mais de 0,60% no menor patamar da sessão. O S&P 500 recuou 0,08%, a 2.343,98 pontos. O Nasdaq avançou 0,19%, a 5.828,73 pontos.


Na semana, as incertezas políticas e as dúvidas sobre a capacidade do governo Trump de fazer avançar a agenda pró-crescimento levaram os índices acionários americanos a acumular perdas. O Dow Jones recuou 1,52% no período. O S&P 500 perdeu 1,44%. O Nasdaq caiu 1,22% no acumulado das últimas cinco sessões.


Nesta sexta-feira, o setor de matérias-primas liderou as quedas no S&P 500, com recuo de 1,02%.


No Dow Jones, Goldman Sachs e DuPont figuraram no topo da lista das maiores quedas. O banco teve baixa de 1,50% e a fabricante de produtos químicos e materiais perdeu 1,19%.


Os principais índices acionários americanos operavam nas mínimas do dia momentos antes de as lideranças republicanas decidirem postergar a consulta ao plenário diante das incertezas sobre uma vitória. Logo após o anúncio, o S&P 500 chegou a virar para o positivo, o Nasdaq ampliou os ganhos e o Dow Jones moderou as perdas.


A expectativa antes da votação do projeto de lei para substituir o Obamacare na Câmara dos Deputados dos EUA manteve os mercados globais com o modo cautela acionado. Isso porque pesquisas de intenção de voto com deputados republicanos indicavam maior possibilidade de derrota do governo na aprovação da nova lei, apelidada de "Trumpcare".


A batalha pelo projeto que reforma o sistema de saúde dos Estados Unidos tem sido vista como um teste da capacidade da administração Trump de implementar a sua agenda política. Uma derrota indicaria a falta de capital político do presidente para levar adiante as mudanças favoráveis ao crescimento e, por isso, mais ansiadas pelos mercados, como os cortes de tributos, desregulamentações e o aumento dos gastos com infraestrutura. As três promessas pelo presidente levaram os ativos de risco a um rali após a eleição em novembro.


A votação, inicialmente, estava marcada para às 16h30, no horário de Brasília. Trump, no entanto, solicitou às lideranças do partido que adiassem a apresentação do projeto em plenário.


O presidente da Câmara dos Deputados, o republicano Paul Ryan, afirmou que o governo vai priorizar agora o prosseguimento da reforma tributária. "Vamos ter de conviver com o Obamacare dentro do horizonte futuro previsível", resumiu, ao informar sobre o adiamento por tempo indeterminado de uma reapresentação do "Trumpcare".


"Trump não tinha os votos para ganhar", avaliou Art Cashin, diretor de operações de NYSE para o UBS. "Agora o governo vai se mover para a reforma tributária. Ao menos é o que o mercado acredita (...)", acrescentou.