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Bolsas de NY fecham em baixa, mas acumulam ganhos no trimestre

31/03/2017 17h54

Os mercados globais estacionaram nesta semana em uma espécie de modo "esperar para ver". Apesar de toda a dificuldade exibida pelo governo Donald Trump perante o Congresso e a Justiça nos Estados Unidos, as bolsas de Nova York continuam a orbitar patamares próximos das máximas históricas.


Nesta sexta-feira, após ajustes, o Dow Jones fechou em queda de 0,31%, a 20.663,22 pontos. O S&P 500 perdeu 0,23%, a 2.362,72 pontos. O Nasdaq recuou 0,04%, a 5.911,73 pontos.


No S&P 500, oito dos 11 setores terminaram dia no negativo. A maior perda ficou com os papéis de instituições financeiras, com queda de 0,84%.


O Dow Jones também registrou a maior parte dos componentes no vermelho, com mais de dois terços dos 30 papéis que compõem o índice em baixa. As maiores perdas ficaram com as ações de Exxon Mobil, DuPont e J.P.Morgan, com recuos de 2,02%, 1,60% e 1,34%, respectivamente.


Principal referência do mercado acionário americano, o S&P 500 encerrou o trimestre com avanço de 5,53%, no melhor desempenho desde o intervalo de outubro a dezembro de 2015, quando avançou 6,45%. O índice Nasdaq, que tem forte ponderação de ações de tecnologia, acumulou ganhos ainda melhores, de 9,82% nos três primeiros meses. O Dow Jones teve alta de 4,56%.


Apesar de ainda se manterem perto do topo, os principais índices acionários americanos oscilaram entre perdas e ganhos nas últimas sessões, em um reflexo da crescente incerteza sobre a capacidade do presidente dos EUA para atrair apoio do Congresso e implementar uma agenda pró-crescimento.Ao longo do primeiro trimestre, as ações de tecnologia lideraram os ganhos. O setor acumulou ganho de 12% no período no S&P 500.


O forte retorno acumulado no trimestre comprovou para analistas a resiliência das ações e das expectativas sobre a viabilidade dos estímulos à economia prometidos pelo presidente. "É uma surpresa verificar o quão resilientes os mercados têm sido, mesmo com as pessoas vendo a realidade em Washington", afirmou Bruce McCain, estrategista chefe de investimentos do Key Private Bank. "De fato, o nível em que as bolsas têm se mantido é um testemunho do quanto a esperança está incorporada à psique americana. A questão é se isso vai continuar", acrescentou.





Diante do fracasso do projeto de lei do "Trumpcare", de reforma do sistema de saúde e que deveria ter substituído o Obamacare, os investidores passaram a nutrir dúvidas sobre a capacidade do governo de aprovar a agenda de mudanças proposta pelo presidente.


Analistas, no entanto, têm formado um consenso de que parte relevante da reforma tributária tem potencial para virar realidade. Porém, se os cortes de tributos vierem a se concretizar, a percepção atual é que podem ocorrer apenas no segundo semestre, momento mais distante do previamente esperado, e os efeitos devem ser sentidos apenas a partir de 2018. O governo americano sinalizou na semana passada o mês de agosto como data ideal para a aprovação da reforma tributária.


Apesar do benefício da dúvida em relação às políticas de Trump, analistas ponderam que o alimento para o otimismo vem, em grande parte, do cenário econômico positivo. Uma série de dados mais fortes que o esperado tem sustentado a ideia de aceleração na economia e a perspectiva de lucros corporativos maiores pela frente.


Na semana passada, o Conference Board divulgou o índice de confiança do consumidor em março, que alcançou o maior nível em 16 anos. Ontem, a revisão final o PIB dos Estados Unidos no quarto trimestre veio um pouco acima do esperado, com 2,1% de expansão em 2016 ante expectativa de crescimento de 2%.


Nesta sexta-feira, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida pelo Federal Reserve, apontou um crescimento de 2,1% em fevereiro na base anual, resultado acima da meta do banco central pela primeira vez em quase cinco anos.


A pressão sobre os preços reflete, segundo analistas, o momento favorável do mercado de trabalho. A taxa de desemprego se mantém em 4,7%, resultado que muitos economistas consideram como compatível com a situação de pleno emprego.


"Muitas pessoas dizem que o 'Trump trade' acabou, mas eu acho que o rali se baseia em fundamentos, não em Donald Trump", disse Jeff Schulze, estrategista de investimentos da ClearBridge Investments.