Investidor teme por reformas e Bovespa fecha em queda
O aumento da preocupação dos investidores em relação à aprovação da reforma da Previdência Social ganhou corpo nos mercados e fez com que muitos investidores reduzissem exposição a risco, o que se traduziu em venda de ações, em especial das mais líquidas e com grande valorização acumulada. Segundo profissionais, não se observa ainda um pessimismo disseminado ou uma aposta firme na não aprovação da reforma. Mas, com a proximidade do evento e com os elementos que passaram a ser conhecidos a respeito da evolução das negociações em torno da reforma - como o placar da intenção de votos dos parlamentares - investidores optaram por realizar lucros, zerar posição e operar no chamado day-trade.
Segundo relato de operadores, oportunidades pontuais de compra surgem quando os papéis caem. Mas, quando o investidor consegue aferir ganhos no pregão, ele vende os papéis o que ajuda a explicar a aceleração das perdas que se observou hoje e também no pregão de ontem no fim do dia. Hoje, as ações mais sensíveis a esse movimento são justamente as mais líquidas, como Vale, Petrobras, e os papéis do setor financeiro. As siderúrgicas também sofrem, com pressão adicional das incertezas sobre o rumo do minério de ferro.
Hoje, em um dia de bastante volatilidade, o Ibovespa encerrou o pregão com queda de 0,85% aos 64.223 pontos. Mas chegou a cair 1,56% na mínima do dia, depois de arriscar modesta alta de 0,22% no melhor momento da sessão. O giro financeiro ganhou fôlego no final dos negócios e somou R$ 5,7 bilhões - ainda assim, abaixo da média do ano, de R$ 6,5 bilhões. Segundo relatos, o estrangeiro segue em compasso de espera, mas não há sinais de fuga de recursos.
Por trás desse vaivém está a percepção de que a reforma da Previdência - evento considerado fundamental para que as contas públicas não entrem em colapso e, com isso, o crescimento seja retomado e o investidor seja encorajado a aplicar em ativos brasileiros - será um desafio grande, maior do que o mercado colocava no preço. Por ora, a leitura ainda é de que o governo conseguirá aprovar uma versão desidratada da reforma, mas com alguns dos elementos essenciais incluídos, como a idade mínima. De todo modo, com o noticiário escancarando os riscos desse cenário se concretizar, o investidor fica mais sensível e a bolsa, suscetível ao sobe e desce.
Essa é a leitura da equipe de analistas do Citi, liderada por Julio Zamora, que, em relatório aos clientes, prevê que o mercado de ações pode registrar volatilidade enquanto a reforma da Previdência Social não for aprovada. Eles informam que mantêm a posição "overweight" em Brasil baseado no aumento de ganhos, aceleração econômica e continuidade das reformas.
De acordo com o documento, uma pesquisa de intenção de votos feita com congressistas, ontem, mostrou uma potencial dificuldade de aprovação da reforma da Previdência Social. "Nós esperamos um aumento de volatilidade enquanto o cenário base de aprovação da reforma é questionado. Nós continuamos esperando que a reforma passe e continuamos overweight no setor de bens e serviços e materiais básicos", escreveram.
Para o estrategista da Guide Investimentos, Luis Gustavo Pereira, as mudanças autorizadas por Michel Temer no texto da reforma vão facilitar a aprovação do projeto. "As alterações podem deixar a reforma mais inócua do ponto de vista fiscal, mas é o primeiro passo para ajustar as contas públicas", diz.
Entre os pontos autorizados a ter mudanças estão a regra de transição, aposentadoria rural, Benefício de Prestação Continuada, pensões e aposentadorias especiais de professores e policiais. De acordo com Pereira, os investidores tinham precificado a aprovação do texto base, agora pode haver um cenário de realização de lucros com a aprovação de uma reforma mais desidratada. "Mas a aprovação da reforma vai permitir a volta dos investidores estrangeiros ao país", diz.
De acordo com o Placar Estadão sobre a intenção de votos para a Previdência, hoje, às 17h08, 96 congressistas votariam a favor da reformas. Mas para a aprovação das reforma serão necessários 308 votos.
Entre as ações mais negociadas, os destaques de queda ficaram com os papéis PNA da Usiminas, que recuaram 4,14%, as ações unit do Santander, que tiveram baixa de 3,79% e as ações da Gerdau Metalúrgica tiveram baixa de 3,84%. No caso do Santander, além da venda de ativos mais líquidos, o papel reflete o anúncio de que o preço dos seus papéis na oferta secundária que dará saída ao fundo Qatar Holdings será de R$ 25. Hoje, a ação fechou em R$ 25,14.
No caso da Usiminas, há um indícios de que os investidores esperam maiores baixas da siderúrgica em decorrência da briga societária que tem paralisado a empresa. O número de contratos de aluguel da ação preferencial da empresa subiu ontem para 52, correspondendo a 1,735 milhão de papéis, acima da média de 30 dias.
As demais ações do setor de siderurgia também fecharam com queda. As ações PNA da Vale caíram 2,15% e os papéis ordinários tiveram baixa de 1,83%. Além da aversão aos ativos de risco, outra notícia que afetou a cotação dos papéis do setor de siderurgia foi a de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avalia dar uma resposta militar ao ataque com armas químicas que matou dezenas de civis na Síria, o que pode criar um conflito geopolítico. A cotação dessas empresas subiu bastante nos últimos meses com a perspectiva de que Trump investiria US$ 1 trilhão no setor de infraestrutura americano.
As ações da Petrobras também fecharam em queda. Os papéis preferenciais recuaram 0,27% e as ações ordinárias tiveram baixa de 0,33%, embora o preço do petróleo tenha subido. O contrato futuro WTI com vencimento em maio subia 1,08% a US% 51,70 o barril. Hoje, a empresa informou que reduziu os preços de comercialização do GLP destinado aos usos industrial e comercial, assim como a venda a granel às distribuidoras, no percentual médio de 4%. Os novos preços passam a valer a partir do próximo sábado, 8 de abril.
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