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Odebrecht pagou R$ 1 mi para liberar edital do Maracanã, diz delator

13/04/2017 21h34

A Odebrecht pagou R$ 1 milhão em março de 2014 ao então presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Jonas Lopes, para garantir a liberação do edital de concessão do estádio do Maracanã, segundo informou o ex-diretor-superintendente da empresa Leandro Andrade Azevedo em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), como parte de uma delação premiada.


De acordo com Azevedo, foi Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho - então secretário de Governo de Sérgio Cabral - quem lhe avisou que a Odebrecht deveria entrar em contato com o TCE-RJ para discutir assuntos relacionados à liberação do edital, que se encontrava sob análise do tribunal. "Eu já era diretor-superintendente da empresa quando, em 2013, meu líder Benedicto [Júnior] me chamou para uma reunião junto com João Borba [também executivo da Odebrecht]", lembrou Azevedo. No encontro, Benedicto Júnior comunicou que haveria necessidade de pagamento ao TCE-RJ para liberação do edital do Maracanã.


Posteriormente, em conversa com Jonas Lopes, então presidente da casa, Azevedo diz ter acertado o pagamento de R$ 4 milhões, divididos em quatro parcelas. Em depoimento gravado em vídeo, o ex-executivo da Odebrecht disse ainda que a data e o local para a entrega da primeira parcela, no valor de R$ 1 milhão, foram acertadas numa troca de mensagens com Jonas Lopes Neto, filho do então presidente do TCE.


Após esse primeiro pagamento em dinheiro, feito no escritório de Lopes Neto em 17 de março de 2014, não foram feitos mais repasses, informou o ex-diretor-superintendente da Odebrecht, porque começaram as prisões da Operação Lava-Jato. Por conta da suspensão dos pagamentos, Jonas Lopes teria chamado Azevedo a seu gabinete no TCE-RJ no fim de 2014 e cobrado o restante das parcelas. "É que estou sendo muito pressionado pelos outros conselheiros", justificou Lopes na época, sem revelar nomes, segundo depoimento de Azevedo. Mesmo assim, não ocorreram novos pagamentos, garantiu o delator.


O diretor-superintendente da Odebrecht conheceu Lopes após a companhia ganhar concorrência para reforma do prédio do TCE ? semanalmente o executivo tinha de acompanhar vistorias às obras feitas pelo presidente do tribunal.


Segundo Azevedo, a Odebrecht já havia pago anteriormente a conselheiros do TCE-RJ para liberar em 2007 o edital de uma parceria público-privada na cidade de Rio das Ostras (RJ), na Região dos Lagos. O repasse do dinheiro ? o delator não lembra quanto ? teria sido intermediado por Jorge Luiz Mendes Pereira da Silva, o Doda, então chefe de gabinete do conselheiro Marco Antonio Barbosa de Alencar. Antes do pagamento, Azevedo e Benedicto Júnior almoçaram com conselheiros do tribunal (Jonas Lopes, Marco Antonio Alencar) e com o então presidente José Gomes Graciosa, o que ? na interpretação do ex-diretor-superintendente ? sugere que todos tinham conhecimento do acordo, embora nenhum deles tenha se manifestado sobre o processo da PPP de Rio das Ostras.


O depoimento está anexado à petição número 6.860, assinada pelo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, em que ele determina o repasse dos documentos para o Superior Tribunal de Justiça.