Sítio custou cerca de R$ 1 mi e foi pedido de Marisa, diz Alexandrino
O ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht Alexandrino de Alencar contou, em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), que o pedido por uma obra no sítio de Atibaia (SP), no valor de cerca de R$ 1 milhão, foi feito diretamente a ele pela ex-primeira dama Dona Marisa Letícia (que morreu em fevereiro deste ano), mulher do ex-presidente Lula. Conforme Alencar, o pedido de Marisa foi feito durante uma festa em comemoração ao aniversário de Lula em 2010. Ainda segundo o delator, não houve nenhum contato com Lula nesse sentido. O recurso para a obra, afirmou, saiu "de alguma contabilidade da engenharia" da Odebrecht.
Em 15 de dezembro de 2010, uma equipe de funcionários da Odebrecht começou a obra, com o cuidado, segundo Alencar, de nenhum funcionário usar o macacão do grupo e de todas as compras na região serem feitas em dinheiro vivo. A obra inicial, estimada em R$ 500 mil, acabou em cerca de R$ 1 milhão, com a construção de alguns quartos e um campo de futebol. A entrega foi feita em 15 de janeiro de 2011.
Em março de 2011, contou Alencar, ele recebeu uma ligação do advogado Roberto Teixeira pedindo que fosse a seu escritório para falar da obra. Segundo o executivo, Teixeira se mostrou preocupado em "formalizar a obra" ? que chamava de "obra de Atibaia ou de "sítio do Fernando Bittar [filho do ex-prefeito de Campinas, Jacó Bittar]". A formalização, disse Alencar, foi feita com notas fiscais. Ele explicou ainda que foi feito escalonamento do pagamento para que não parecesse algo muito caro e que expusesse que Bittar não poderia pagar.
No pedido que fez a Alencar, Dona Marisa disse que o "pessoal" de José Carlos Bumlai estava tocando a obra, mas de forma muito lenta, e o objetivo era usufruir o sítio a partir de janeiro de 2011. Com a anuência de Emílio Odebrecht, Alencar disse que ligou para o contato oferecido por Dona Marisa e soube que o sítio era do filho do ex-prefeito de Campinas, Jacó Bittar.
"Nunca contatei [Lula ou Marisa] para saber se tudo foi resolvido ou se gostaram", disse Alencar, que justificou o pagamento dizendo ser um agrado. "A pessoa te pede um valor que não é absurdo. É um agrado a fazer com uma pessoa que teve uma relação com o grupo esse tempo todo. É uma retribuição."
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