Odebrecht pagou R$ 17 milhões ao PT do projeto do submarino nuclear
A Odebrecht pagou R$ 17 milhões ao PT, via João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido, dentro do contrato de construção do submarino nuclear acertado entre Brasil e França. A informação foi prestada em depoimento à Procuradoria Geral da República (PGR), no Rio, pelo ex-diretor de operações estruturadas da Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior.
Em depoimento de colaboração premiada, Júnior disse aos procuradores que, além dos pagamentos feitos ao PT, via Vaccari, a empreiteira também pagou nesse contrato 40 milhões de euros de forma irregular ao lobista José Amaro Ramos, responsável por aproximar a Odebrecht da francesa DCNS. As duas empresas terminaram formando um consórcio para desenvolver o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub).
"Entre fim de 2006 e começo de 2007 fui procurado em meu escritório por um lobista chamado José Amaro Ramos com informação que representava a francesa DCNS. Eles [os franceses] buscavam parceiro para a construção de submarinos para a Marinha Brasileira", disse Júnior aos procuradores.
O executivo contou que na assinatura da formação do consórcio, em Paris, foi instruído pelos franceses da DCNS a fazer pagamentos ao lobista. "Era condição para a parceria evoluir", disse. Ramos respondia pelo codinome de "champagne" na Odebrecht.
Os pagamentos dos 40 milhões de euros foram feitos entre 2010 e 2014, quando terminaram interrompidos. Embora tenha afirmado que não sabe ao certo o que o lobista fez com o dinheiro, Júnior disse ter uma suspeita: "Acredito que ele [Ramos] devia ter alguns almirantes da reserva, que ajudaram na concepção do projeto nuclear, envolvidos".
Afirmou que entre esses almirantes deveria estar Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear. Silva teria procurado Júnior para acertar um contrato de consultoria relativo aos submarinos. Os pagamentos foram feitos de forma irregular. Júnior disse só ter tratado com Silva do Prosub. "Nunca falei com ele sobre Angra 3", afirmou.
Silva, que era identificado na Odebrecht pelo codinome "mergulhador", recebeu pagamentos em uma conta no exterior e também em espécie, em sua casa, no Rio, em remessa entregue por Fábio Gandolfo, outro executivo da Odebrecht.
Júnior relatou ainda que quando a Odebrecht recebeu R$ 650 milhões de adiantamento no Prosub ele foi procurado por Vacarri, que pediu contribuições para o PT. Júnior procurou Marcelo Odebrecht para falar sobre o assunto, que disse que a empresa não iria pagar nada ao PT por conta desse projeto.
Tempos depois, porém, Marcelo Odebrecht disse a Júnior que havia uma provisão de R$ 50 milhões para contribuições ao PT que havia sido ajustada com Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, segundo o depoimento. Júnior foi autorizado a pagar 1% sobre os R$ 650 milhões (R$ 6,5 milhões) do contrato do Prosub ao PT em um primeiro momento. Em uma segunda etapa, se pagou mais R$ 10 milhões para o partido, via Vaccari, sob dois codinomes, "formatador" e "escafandrista".
Aos procuradores, Júnior elencou uma série de documentos que apresentou para comprovar as denúncias, incluindo comprovantes de transferências bancárias, agendas de e-mail, ligações telefônicas e planilhas de pagamentos do departamento de operações estruturadas da Odebrecht, entre outros.
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