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Valter Lana: Paulo Bernardo pediu R$ 450 mil para campanhas de Gleisi

14/04/2017 19h22

Em depoimento à Procuradoria Geral da República, o ex-executivo da Odebrecht Valter Lana confirmou o repasse total de R$ 450 mil, por caixa 2, para campanhas da senadora Gleisi Hoffmann em 2008 e 2010, atendendo a pedido feito pelo ministro do Planejamento à época Paulo Bernardo.


Segundo Lana, nos dois momentos, ele foi contatado por Paulo Bernardo por mensagem de texto. Primeiro para pedir contribuição de R$ 150 mil para a campanha de Gleisi para a prefeitura de Curitiba em 2008 e depois, em 2010, para pedir mais R$ 300 mil, para a campanha para o Senado.


Lana disse que os repasses, por caixa 2, foram autorizados pelo ex-executivo Benedicto Junior. "Não sei se usava o nome do Benedicto Junior. Talvez pela vaidade do ser humano, talvez não dissesse. Dizia que era consultar a empresa", disse Lana ao explicar o trâmite do pedido de doação. Ele contou que nenhum político pediu que a contribuição fosse por caixa 2. A decisão da empresa era apenas comunicada ao beneficiário.


Em nenhum momento, conforme Lana, houve contato direto com a senadora Gleisi Hoffmann. Os encontros com Paulo Bernardo ocorriam, normalmente, no apartamento do ex-ministro; em padaria próxima ou da sala do chefe de gabinete do Planejamento em Brasília.


"Eram esses os três lugares que eu costumava me encontrar com o ministro", contou o ex-executivo em delação, acrescentando que se encontrou com Bernardo cinco ou seis vezes entre 2008 e 2010. "Não tive contato com Gleisi só com o ministro Paulo Bernardo", complementou.


Para o pagamento da propina, Lana explicou que marcou encontro com o ministro para entregar um bilhete onde estava escrito a data, uma senha e o local em que o dinheiro seria repassado. O pagamento das contribuições das duas campanhas foi feito em São Paulo.


Tanto no caso da doação, por caixa 2, na campanha de 2008 e 2010, Lana explicou que foram contribuições institucionais e não houve contrapartidas, pelos menos, em sua área de atuação. Em 2008, ele era diretor de contrato da área de construções da Odebrecht.


Em 2010, quando era diretor superintendente atuando em Porto Alegre e Paraná, Lana disse que a doação também foi institucional e que seria muito difícil negar um pedido de um ministro para a campanha da esposa para o Senado. "Fica difícil a gente dizer não numa situação dessa", contou.


Lana destacou que não recebeu benefício pessoal com a liberação das doações e se surpreendeu com o fato de colegas tirarem proveito da situação. "Tenho lido a notícia e fico surpreso. Na época, nunca soube".