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Focado em crescimento, Nubank tem prejuízo de R$ 122 milhões em 2016

20/04/2017 11h44

O badalado Nubank, emissor de cartões que não cobra anuidade e organiza os gastos dos clientes num aplicativo de celular, registrou prejuízo líquido de R$ 122 milhões no ano passado. Em 2015, o prejuízo havia sido de R$ 32,7 milhões. A receita operacional foi de R$ 77,09 milhões no período, expansão significativa sobre os R$ 10,4 milhões contabilizados no ano anterior.


A startup tem hoje algo próximo de milhão dos famosos cartões de cor roxa e bandeira Mastercard ativos.


Gabriel Silva, diretor financeiro do Nubank, atribui o prejuízo ao acelerado crescimento da "fintech", como são chamadas as companhias de tecnologia financeira. A empresa entra em seu terceiro ano focada em investimentos em tecnologia e infraestrutura. "Temos um custo baixo de aquisição de usuários, mas em contrapartida despesas com fabricação e envio dos cartões", afirma. Quando virá o lucro? "Se a gente continuar crescendo muito, esse dia vai ser adiado um pouco", afirma.


Silva diz que a prioridade, no curto prazo. é mais mirar contas rentáveis e menos obter lucro líquido ? estratégia que os acionistas entendem e se sentem confortáveis a respeito, segundo ele.


Para acelerar o crescimento, a empresa conta com R$ 500 milhões em caixa, que devem ser usados principalmente para financiar as operações com o rotativo do cartão de crédito, a expansão de usuários, além dos investimentos em tecnologia.


Questionado se a startup planeja mudanças em seu principal atrativo ? a isenção de anuidade de seus cartões ?, Silva se limita a dizer que não tem nada a comentar sobre o assunto. Hoje, uma das principais fontes de receita do Nubank é a cobrança da taxa de intercâmbio ? uma parte da taxa cobrada do lojista que fica com o emissor do cartão.


Para financiar as operações com o rotativo ? cujas taxas hoje variam de 2,75% a 14% ao mês ?, o Nubank cede parte de sua carteira de recebíveis de cartões para um fundo de direitos creditórios. A carteira reúne um total de R$ 1,4 bilhão, enquanto o fundo de recebíveis fechou 2016 com cerca de R$ 150 milhões. A companhia também deu entrada num pedido de criação de uma financeira, considerada estrategicamente relevante para impulsionar uma parte central do negócio da fintech, que é originar crédito. "Através de uma licença teremos mais controle sobre o processo e mais liberdade para novos produtos", diz.


Gerido totalmente por meio de smartphones, o Nubank já teria recebido mais de 9 milhões de pedidos para o cartão de crédito, considerado um dos casos mais bem-sucedidos entre as chamadas fintechs brasileiras. De forma a incrementar o seu portfólio, o Nubank testa desde outubro do ano passado o seu próprio programa de pontos, que prevê a troca de R$ 1 por um ponto, pontos que nunca expiram e que podem ser trocados por passagens aéreas, hotéis ou outros serviços.