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Usiminas: Representante dos minoritários pode presidir conselho

25/04/2017 10h37

(Atualizada às 12h41) Como ocorreu em 2015, se não houver um nome de consenso entre os controladores, o novo presidente do conselho de administração da Usiminas deverá ser escolhido pelos acionistas minoritários da companhia.


A eleição se dará na Assembleia Geral Ordinária (AGO) da siderúrgica mineira, marcada para quinta-feira, dia 27, às 13h, em sua sede, em Belo Horizonte.


Escolhas de presidente do conselho e de presidente da diretoria executiva da companhia, conforme determina o acordo de acionistas de janeiro de 2012, tem de ser fruto de uma decisão consensual dentre o bloco de controlo societário. Para isso, é feita uma reunião prévia a todos os eventos do colegiado.


O bloco de controle na Usiminas é formado desde 2012 por Nippon Steel & Sumitomo, Ternium-Techint e Previdência Usiminas. Como desde 2014 os integrantes do grupo vivem um conflito societário, a gestão da empresa tem sido alvo de contínuas divergências nas decisões que exigem acordo dos acionistas majoritários.


Em razão disso, em 2015, foi eleito Marcelo Gasparino como chairman no lugar de Paulo Penido Marques, que era representante da Nippon Steel e estava no cargo desde 2012. Gasparino era conselheiro da acionista minoritária Geração Futuro L. Par. Ele concorreu com um candidato indicado pelo BTG Pactual, outro minoritário.


No ano passado, Nippon Steel e Ternium, receosas de que a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), concorrente da Usiminas no mercado interno de aço, pudesse eleger um de seus representantes, concordaram com o nome de Elias de Matos Brito, então conselheiro pelo grupo ítalo-argentino.


Todavia, desde lá, as relações entre Nippon e Ternium azedaram muito por conta das destituições (em maio de 2016 e em março deste ano) do presidente Rômel de Souza, nome de confiança da Nippon Steel. A informação é de que não haverá nome de consenso dos controladores na próxima AGO, conforme apurou o Valor.


Assim, impedidas de levar nomes para a apreciação do colegiado, a disputa deverá ser decidida pelos acionistas minoritários ? donos de menos de 8% das ações ordinárias (desconsiderando a participação da CSN, de 15%). A siderúrgica é conflitada por ser concorrente e está proibida de participar da AGO por decisão recente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).


A disputa deverá ficar mesmo entre a L. Par e seus apoiadores, de um lado, e o BTG, por outro, que conta com as ações da massa falida do ex-Banco Econômico. Os dois concorrentes estão numa corrida para agregar votos de outros minoritários. Ao mesmo tempo, surge um potencial terceiro concorrente à presidência do colegiado, a Tempo Capital.


Nesta terça-feira, a Usiminas revelou em aviso aos acionistas que a gestora de recursos quer eleger representantes na assembleia.


A L. Par já indicou candidato para a disputa, caso ele seja eleito representante em uma das vagas ao conselho de administração que são reservadas aos minoritários (de ações ordinários e preferenciais). É Mário Daud Filho, tendo como suplente Daniel Carlin Epstein.


O BTG/Econômico tentará reeleger seu atual representante, Francisco da Costa e Silva, como conselheiro da siderúrgica. Ou até dois membros no colegiado, se forem confirmadas duas vagas para minoritários, uma vez que a CSN perdeu a de Gesner de Oliveira. E, com Costa e Silva, assumir a presidência do conselho da Usiminas.


Já a Tempo indicou Ricardo de Pinho, hoje conselheiro da empresas como a Oi, a Light e a Brasil Insurance, como efetivo, e André Faoro para suplente - Faoro é procurador do município do Rio de Janeiro e conselheiro do Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdência Privada Aberta e de Capitalização (CRSNSP).


Voto múltiplo


No aviso, a siderúrgicainformou que uma série de investidores está requerendo a adoção do sistema de voto múltiplo na AGO, especialmente para a eleição do conselho de administração. Entre esses acionistas, está a Nippon.


Além da siderúrgica japonesa, também entraram no requerimento a Sankyu, o fundo L. Par ? que tem o empresário Lírio Parisotto como cotista ? e a GKJE Associates.


O voto múltiplo geralmente é um método utilizado por minoritários para conseguir representatividade nos conselhos. Ao contrário do voto na chapa, ele contabiliza os votos de cada acionista cumulativamente. Nesse caso, porém, um dos controladores está pedindo o mesmo.


No aviso, a Usiminas também disse que a minoritária Tempo Capital pediu que o número de vagas no conselho de administração seja fixado em 12, sendo que dez dessas devem ser preenchidas na AGO. Hoje, dez cadeiras integram o colegiado.