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Balanços e commodities prevalecem sobre tensão na Bovespa; dólar sobe

28/04/2017 14h10

No mercado acionário brasileiro, o avanço das commodities e surpresas positivas em balanços corporativos estão se sobrepondo, hoje, à tensão quanto ao andamento das reformas propostas pela administração Michel Temer para reanimar a economia brasileira.


A Vale e a Petrobras registram fortes altas, seguindo o avanço das matérias-primas. O Pão de Açúcar tem o melhor desempenho do Ibovespa após anunciar ter revertido um prejuízo e registrado lucro líquido de R$ 125 milhões no primeiro trimestre deste ano.


A greve geral contra as reformas trabalhista e da Previdência Social, realizada nesta sexta-feira em todo o território nacional por centrais sindicais, movimentos populares e mais de 90 categorias profissionais, não está assustando os investidores, segundo Renan Silva, estrategista-chefe do BullMark Financial Group.


"A preocupação com o apoio às mudanças continua, mas não parece que a paralisação de hoje se configure como uma forte pressão para impedir os parlamentares a votar a favor do projeto", disse Silva, em entrevista pelo telefone de Brasília.


O principal índice da Bovespa subia 0,87%, para 65.236 pontos, às 13h55, após ter titubeado um pouco no início dos negócios. O dólar comercial subia 0,33%, para R$ 3,1915, e os contratos de juros futuros caíam após a divulgação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de que o desemprego no país atingiu 13,7% nos primeiros três meses de 2017, o maior nível da série histórica.


A ação preferencial da Vale ganhava 3,28%, aos R$ 26,44, e a ordinária subia 2,91%, para R$ 27,61, enquanto o minério de ferro avançava 3,58%, para US$ 68,80 a tonelada. Na esteira, ganhavam também as siderúrgicas - a Usiminas subia 4,34%, para R$ 4,34, e a Metalúrgica Gerdau ganhava 4,33%, para R$ 4,58.


Com o avanço de 0,33% do petróleo tipo Brent, para US$ 51,61 o barril no contrato da ICE com vencimento em junho, as ações PN da Petrobras tinham alta de 2,33%, a R$ 14,05, enquanto as ON ganhavam 2,54%, a R$ 14,56.


O Pão de Açúcar disparava 8,05%, para R$ 70,83. O forte resultado do grupo nos três primeiros meses deste ano se devem aos esforços da companhia, e não a uma melhora da economia no período, de acordo com Ronaldo Iabrudi, presidente da empresa.


No índice de small caps, que disparava 1,91%, para 1.327 pontos, o destaque era o Fleury, que subia 11,68%, para R$ 52,79. O lucro líquido do laboratório avançou 82,6% no primeiro trimestre, para R$ 81,5 milhões. A Hering, por sua vez, ganhava 11,16%, a R$ 21,12, depois de informar que o seu lucro líquido cresceu 29,2%, para R$ 37,8 milhões.


Dólar


O avanço do dólar perde força no início da tarde desta sexta-feira, após manhã de instabilidade devido a fatores técnicos. As manifestações contrárias as reformas, registradas em vários locais do país, foram vistas com pouco alarmismo pelos agentes financeiros, que enxergam efeito limitado sobre o andamento das propostas do governo. Operadores apontam, entretanto, que persiste a cautela política às vésperas da análise da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados.


"Se a adesão aos protestos fosse muito grande, poderia afetar o apoio dos parlamentares ao governo. Por enquanto, não parece que está caminhando para isso", disse o operador Alessandro Faganello, da Advanced Corretora. "Mas a cautela persiste e os investidores evitam colocar posição de venda de dólar. É uma postura mais defensiva antes do feriado de 1º de maio", acrescenta.


Por volta das 13h55, o dólar comercial subia 0,08%, cotado a R$ 3,1830. Com isso, a divisa já se afastava da máxima de R$ 3,2139, maior nível registrado desde a sessão de 19 de janeiro, quando marcou R$ 3,2313.


O contrato futuro para junho - o mais líquido a partir de hoje - subia 0,14%, a R$ 3,2155. Mais cedo, o ativo avançou até R$ 3,2400 no momento mais forte da sessão.


A instabilidade no mercado é justificado pela formação da última taxa Ptax do mês, que serve de referência para liquidação de derivativos cambiais. Em geral, os investidores com posição "comprada" em dólar e os "vendidos" entram em disputa para conseguir resultados mais benéficos nas suas operações em outros ativos, como opções de dólar.


Por causa dessa especificidade, o câmbio brasileiro chegou a ter o pior desempenho numa lista de 33 divisas globais. Mais cedo, o movimento contou ainda com uma rodada de indicadores positivos dos Estados Unidos, que trouxe sinais de avanço inflacionário e da atividade local. O crescimento do PIB do país no primeiro trimestre, entretanto, ficou aquém do esperado.


Juros


Os juros futuros operam em viés de baixa no início da tarde desta sexta-feira. As taxas de vencimentos mais longos - sensíveis ao cenário de riscos estruturais - chegaram até a subir um pouco no começo do dia, enquanto os investidores avaliavam o impacto das manifestações contrárias a reformas. Sem grandes surpresas até o momento, o movimento era revertido, embora a cautela ainda prevaleça nas mesas de operação.


ODI janeiro de 2021 marcava 10,060%, ante 10,090% no ajuste anterior, afastando-se da máxima de 10,140%. Entre vencimentos mais longos, o DI janeiro de 2023 revertia a alta e caía a 10,380%, ante 10,400%, e o DI janeiro de 2025 registrava 10,530%, ante 10,550%.


ODI janeiro de 2018 marcava 9,485%, ante 9,505% no ajuste anterior, e o DI janeiro de 2019 operava em 9,370%, ante 9,420% na mesma base de comparação. Entre os fatores que ajudam a pressionar as taxas para baixo são os sinais de atividade e inflação fraca no país.