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BNDES defende apuração sobre eventuais irregularidades em operações

19/05/2017 21h47

O BNDES afirmou nesta sexta-feira que defende a apuração de eventuais irregularidades em operações do banco. Em nota, a instituição financeira disse que foi instalada uma comissão de apuração interna para avaliar as operações realizadas com a JBS. O banco afirmou ainda que tem cooperado com as autoridades públicas e órgãos de controle.


Segundo delação do empresário Joesley Batista, dono da JBS, o financiamento de R$ 2 bilhões pelo BNDES para Eldorado Celulose teria rendido US$ 30 milhões para o caixa da campanha da ex-presidente Dilma Rousseff.


Já o ex-diretor do BNDES e da Funcef Guilherme Narciso Lacerda negou ter recebido propinas em esquema relatado pelo empresário Joesley Batista em sua delação premiada. Por meio de nota, o advogado de defesa do ex-dirigente, Rafael Favetti, disse que Lacerda "está tranquilo sobre sua correção" na gestão na Funcef. Na delação, Joesley disse ter sido beneficiado pelo aporte de recursos dos fundos de pensão da Caixa (Funcef) e da Petrobras (Petros) para capitalizar a JBS, mediante pagamento de propina a Lacerda, que na época era presidente da Funcef.


Leia abaixo a íntegra das notas enviadas pelo BNDES e pela defesa de Lacerda:


"Sobre as informações divulgadas a partir da delação de Joesley Batista, o BNDES reafirma que a diretoria e os empregados do Banco são os principais interessados na apuração de quaisquer eventuais fatos que tenham ocorrido em relação a suas operações e ao eventual uso do Banco por terceiros.



Por esse motivo, na terça-feira 16/5, a partir da deflagração da operação da Polícia Federal na sexta-feira 12/5, para investigar as operações do BNDES com a JBS, a presidente Maria Silvia Bastos Marques constituiu Comissão de Apuração Interna para avaliar todos os fatos relacionados às operações realizadas com a empresa. O escopo desta Comissão de Apuração Interna também abrangerá os fatos provenientes das delações premiadas divulgadas nos últimos dias. Além disso, o BNDES coopera, cotidianamente, com todas as autoridades públicas, órgãos de controle, Ministério Público e Polícia Federal.



A BNDESPAR tem hoje participação acionária de 21,3% na JBS, resultado de aportes no valor nominal de R$ 8,1 bilhões, feitos entre 2007 e 2010, e desinvestimentos no valor de R$ 2,2 bilhões, também em valores históricos, feitos entre 2012 e 2015. Em razão desta participação, a BNDESPAR encaminhou correspondência à JBS, solicitando esclarecimentos em relação a: homologação de delação premiada oferecida pelos controladores indiretos da JBS S.A. no âmbito de procedimento investigativo conduzido pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal; operações de alienação de ações de emissão da companhia pelos controladores, concomitantemente a operações de compra de ações pela própria companhia; e operações recentes de câmbio realizadas pela JBS S.A. e seus controladores.


Adicionalmente à participação acionária, o Banco já teve operações diretas de financiamento com a JBS no passado, no valor total de R$ 793 milhões, que estão praticamente amortizadas. Houve ainda operações indiretas (ou seja, feitas por meio de repasses a agentes financeiros) no valor de R$ 3 bilhões, entre 2005 e 2016."


Fundos de Pensão


Nota do advogado de Lacerda, Rafael Favetti:


"Em referência à delação de Joesley Batista, do Grupo JBS, informamos que o ex-dirigente da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), Guilherme Lacerda, não foi beneficiário do suposto sistema de propinas descrito pelo empresário. Como prova, tem-se a extensa investigação conduzida pela Polícia Federal no curso da Operação Greenfield, comandada pelo próprio Ministério Público Federal, que concluiu não ter havido variação patrimonial irregular do ex-dirigente. Ele está tranquilo sobre a correção de sua gestão na Funcef"