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Dólar instável sinaliza ansiedade por clareza na política; bolsa sobe

24/05/2017 14h10

O dólar reverte a queda e inicia o período vespertino em leve alta. A movimentação da divisa americana sinaliza que permanecem as incertezas no horizonte e as cotações acabam oscilando sem uma direção clara. O ambiente de negociação, entretanto, é um pouco menos nervoso diante da percepção entre agentes financeiros de que a base aliada do governo poderá conduzir uma sucessão organizada na Presidência.


"O mercado está assumindo que a base aliada vai conseguir chegar a um nome satisfatório para substituir o presidente Michel Temer, que não reúne mais condições para avançar com a reforma da Previdência", diz o estrategista-chefe no Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. "Pelo noticiário, a base está buscando uma saída organizada da atual crise e isso dá um pouco de tranquilidade para o mercado", afirma.


Por outro lado, o governo ainda encontrará dificuldade para aprovar a reforma da Previdência, que pode ficar para depois das eleições de 2018, na avaliação do especialista. "O risco é real, de termos um novo momento de estresse no mercado, porque o cenário político é bastante incerto", diz.


Por ora, os nomes ventilados para o Planalto são vistos como favoráveis ao mercado e ao andamento das reformas. Até mesmo uma possível mudança na chefia do ministério da Fazenda, como vem sendo especulado com o nome de Armínio Fraga, é bem recebido.


Até que haja mais clareza, o dólar acaba "preso" a uma certa banda de negociação, sem convicção para cair ou subir de forma mais consistente. Na avaliação do operador Cleber Alessie Machado Neto, é justamente esse movimento observado no começo da tarde desta quarta-feira (24). "Há uma defesa de banda e o dólar é negociado entre R$ 3,25 e R$ 3,30", explica. "É um movimento técnico em cima dos atuais fundamentos", acrescenta.


Por volta das 14h, o dólar comercial sobe 0,40%, cotado a R$ 3,2799, tendo operado entre a máxima de R$ 3,2805 e a mínima de R$ 3,2490.


O contrato futuro para junho, por sua vez, avança 0,15%, a R$ 3,2825.


Juros


A percepção de risco no mercado de renda fixa tem uma leve melhora hoje.


A inclinação entre os DIs janeiro de 2021 e janeiro de 2019 - uma medida de risco - tem uma leve queda, indo a 1,04 ponto percentual (ante 1,11 no fechamento de ontem e 1,28 na segunda-feira). Cabe destacar, contudo, que o valor segue bem acima do nível de 0,77 ponto de quarta-feira, antes da divulgação das delações premiadas de executivos da JBS que envolvem o nome de Temer.


A expectativa de uma possível solução para a crise se reflete ainda na queda dos juros futuros, pelo segundo dia consecutivo.


Por volta das 12h30, o DI janeiro/2019 recua a 9,710%, ante 9,890% no ajuste anterior, e o DI janeiro/2021 opera a 10,730%, ante 11,030%, sendo os principais ativos negociados nesta quarta-feira. Ainda no vértice intermediário, o DI janeiro/2018 cai a 9,560%, ante 9,605% no ajuste anterior.


"O mercado começa a precificar que não teria uma ruptura do viés de política monetária e econômica, numa possível troca do governo", diz o estrategista na Corretora Coinvalores, Paulo Nepomuceno. "O risco inicial, do estouro do escândalo, já foi absorvido e o que tinha para 'zeragem de posições' por causa disso aconteceu", acrescenta.


Bolsa


Apesar das turbulências políticas, a avaliação de que as reformas estruturais podem encontrar o seu caminho no país anima o mercado de ações brasileiro hoje.


Ontem, a base aliada ao governo considerou lido o relatório sobre a proposta de mudanças nas leis trabalhistas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, em uma sessão marcada por tensão e bate-bocas. A aprovação, na Câmara dos Deputados, da medida provisória que libera o saque das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) também foi apontada por analistas como uma vitória do rolo compressor da atual administração federal.


"O clima de caos vai se diluindo à medida em que o Congresso evolui na tramitação das reformas e a base do governo se mostra coesa", escreveu Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos, em relatório a clientes hoje. A avaliação de que as medidas são assunto de Estado e não de uma administração específica alimenta a esperança de que as medidas serão aprovadas independentemente do presidente que o país terá daqui a alguns meses, segundo o especialista.


O Ibovespa subia 1,78%, para 63.777 pontos, às 14h04.


A Marfrig, Suzano e Vale estão entre as piores perdas do Ibovespa hoje: recuos de 3,68%, 2,56% e 2,51%, respectivamente. Rumo (8,89%), Eletrobras (7,71%) e Smile (6,50%) são os destaques de alta no principal índice da B3.