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JBS diz à CVM que acionistas da Blessed Holdings não mudaram

24/05/2017 21h34

O diretor de relações com investidores da JBS, Jeremiah O'Callaghan, respondeu hoje a questionamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre quem são as pessoas naturais por trás de sua acionista Blessed Holdings dizendo que "as informações prestadas em seu Formulário de Referência estão (...) devidamente atualizadas".


A Blessed surgiu na cadeia societária da companhia de proteína animal após a união da empresa com o frigorífico Bertin, em 2009, mas sempre houve dúvida sobre quem eram os investidores finais na ponta.


A informação da JBS foi divulgada em comunicado ao mercado mesmo após o Valor ter publicado ontem que, em suas declarações de Imposto de Renda de 2016, os irmãos Joesley e Wesley Batista informaram ao Fisco brasileiro que cada um comprou 50% das ações da Blessed Holdings Cayman Limited..


A JBS disse à CVM que atualiza seu Formulário de Referência anualmente e que questiona seus acionistas controladores e detentores de quantidade superior a 5% das ações de sua emissão sobre qualquer alteração em sua participação acionária.


"Desde 3 de junho de 2014, a Companhia não recebeu qualquer atualização de seu acionista indireto, Blessed Holdings, sobre a composição de sua participação acionária, que vem se mantendo ao longo dos últimos anos, de modo que as informações prestadas em seu Formulário de Referência estão, portanto, devidamente atualizadas", declarou o diretor de relações com investidores da JBS.


Nas declarações de IR anexadas ao processo de delação premiada, os irmãos Batista informam à Receita Federal que compraram 50% da Blessed Holdings cada um, por US$ 150 milhões, ou R$ 477 milhões pelo câmbio da época. O negócio teria sido formalizado em 31 de outubro de 2016.


No último Formulário de Referência disponível, a JBS diz que os acionistas pessoa jurídica da offshore são duas seguradoras ? uma com sede em Cayman e outra em Porto Rico ? e lista como pessoas físicas por trás das duas executivos de um agente fiduciário com sede em Guernsey ? uma ilha no Canal da Mancha ?, chamado Cogent, que controla as duas seguradoras.


O preço somado de US$ 300 milhões, ou R$ 954 milhões, declarado como custo da participação dos dois na Blessed equivale a apenas 37% do valor de mercado de R$ 2,56 bilhões da fatia indireta da offshore na JBS em 31 de outubro de 2016.


Essa conta não considera os demais negócios da J&F Investimentos, como Eldorado, Alpargatas e Banco Original, já que a participação da Blessed na empresa de carnes se dá por meio dela.


Por equivalência patrimonial, a fatia indireta da Blessed na J&F, tendo como base o balanço de 2015, o último publicado, seria avaliada em aproximadamente R$ 2,7 bilhões.