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Bovespa cai e dólar ronda R$ 3,27 com cautela com cena política

29/05/2017 13h35

A bolsa de valores brasileira tem uma segunda-feira de baixa, com o desânimo dos investidores diante das perspectivas para os juros e a economia brasileira em meio à crise política que o país atravessa.


Perto das 13h30, o Índice Bovespa recuava 0,64%, para 63.677 pontos. O pior desempenho era da operadora de telefonia TIM, que cedia 3,10%.As maiores quedas estavam com as ações de empresas do setor financeiro e imobiliário.


A pesquisa semanal Focus do Banco Central (BC) com analistas, divulgada antes do início do pregão, mostra que a projeção média do Índice Nacional de Preços do Consumidor (IPCA) para este ano no boletim interrompeu 11 semanas de queda e saiu de 3,92% para 3,95% de aumento. A estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano passou de 0,50% para 0,49%.


As empresas que dependem da demanda doméstica estão reagindo à perspectiva de redução mais suave dos juros por conta do aumento das turbulências políticas.Assim, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve cortar a Selic em 1 ponto percentual, para 10,25% ao ano na sua reunião desta semana. Duas semanas atrás, as apostas majoritárias eram de uma redução de 1,25 ponto.


A baixa do Ibovespa só não é maior hoje porque a Vale acompanha os ganhos do minério de ferro. Vale PNA subia 2,32% e Vale ON tinha elevação de 1,90%.


Câmbio


O dólar opera com viés de alta nesta segunda-feira, próximo do nível de R$ 3,27. A cautela com a cena política mantém as oscilações da divisa americana limitadas a uma banda estreita de negociações. A baixa movimentação nos ativos é atribuído ainda à liquidez contida nos mercados internacionais, por causa dos feriados nos Estados Unidos, China e Reino Unido.


Por volta das 13h30, o dólar comercial subia 0,16%, a R$ 3,2705, enquanto o contrato futuro para junho avançava 0,25%, a R$ 3,2705.


O sinal no câmbio doméstico era semelhante de outros pares emergentes, que mostravam dificuldade para consolidar direção mais clara.


No Brasil, as atenções seguem voltadas no impasse político. Durante o fim de semana, o presidente Michel Temer nomeou Torquato Jardim para o Ministério da Justiça e remanejou Osmar Serraglio para o Ministério da Transparência. A mudança ocorre cerca de uma semana antes da retomada do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), previsto para o dia 6 de junho.


A atuação do Banco Central (BC) também é citada como fator de moderação nas oscilações do câmbio. A autoridade monetária realizou hoje o penúltimo leilão com o propósito de alongar o vencimento dos contratos de swap cambial do mês que vem.


Juros


Os juros futuros voltam a cair nesta segunda-feira, revertendo a alta de grande parte da manhã. Em dia de baixa liquidez, o recuo é mais firme na ponta intermediária da curva que reflete as apostas para a trajetória da Selic. A leitura no mercado é de que o BC ainda tem espaço para reduzir a taxa básica, mas a crise política já gera dúvidas sobre a intensidade e o tamanho do ciclo de flexibilização monetária.


A percepção de risco é mantida no mercado dos Depósitos Interfinanceiros (DI), principalmente nos contratos mais longos. Por volta das 13h30, o DI janeiro/2023 operava a 10,890%, ante 10,930% no ajuste anterior, e o DI janeiro/2025 marcava 11,090%, ante 11,120% na mesma base de comparação.


O pano de fundo da movimentação nos ativos diz respeito a incertezas com a duração da crise política e possíveis efeitos no direcionamento da reforma da Previdência. Por ora, entretanto, o tom não parece ser de alarmismo, mas de mais cautela nas operações.


A cautela pauta as projeções de prazos mais longos para a trajetória da Selic, enquanto quase elimina as apostas de um corte mais agressivo na reunião do Copom nesta semana.


De 41 analistas de instituições financeiras e consultorias ouvidos em pesquisa realizada pelo jornal, 35 (85,3% do total) apostam em corte de um ponto percentual, que levará a Selic dos atuais 11,25% para 10,25% ao ano; cinco entrevistados projetam corte de 0,75 ponto; e apenas um prevê redução de 1,25 ponto.


Na pesquisa do Valor, algumas mudanças nas expectativas da extensão do ciclo já começam a ser notadas.


Essa percepção também se faz presente no Boletim Focus. A previsão para Selic no fim deste ano e do próximo se manteve em 8,50%. No entanto, para chegar nessa taxa terminal, a leitura é de que o processo levará mais tempo. Agora, os especialistas acreditam que o fim dos cortes só ocorrerá em dezembro, ante a estimativa anterior de outubro.


O DI janeiro/2018 caía a 9,310%, ante 9,340% no ajuste anterior, e o DI janeiro/2019 marcava 9,310%, ante 9,360% na mesma base de comparação.