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Líder norte-irlandesa que fez aliança é vista como boa negociadora

10/06/2017 01h48

Quando começou o conflito armado na Irlanda do Norte, no fim dos anos 1960, Arlene Foster não tinha nascido. E quando o país firmou a paz, ela começava a carreira de advogada. A líder do maior partido favorável à união com o Reino Unido, o DUP (Partido Democrático Unionista, na sigla em inglês), representa a geração posterior à luta armada.


Arlene fará 47 anos em 3 de julho. Desde o início de 2016 chefia o governo norte-irlandês. Ela começou na política ao ser eleita para a assembleia local, em 2003, passou por vários ministérios e, líder do DUP, em janeiro de 2016, se tornou primeira-ministra do pequeno país britânico encravado na república da Irlanda (em inglês, há uma sutil diferença: a governante do Reino Unido é "prime-minister"; os países subordinados, Escócia, Gales e Irlanda do Norte, têm "first ministers").


Ali, o poder é exercido conjuntamente por dois chefes de governo, o primeiro-ministro e um vice, um unionista e outro nacionalista irlandês; eles dividem todas as funções e tomam as medidas conjuntamente. Há até um protocolo que dispõe sobre quem cumprimenta primeiro uma visita ao gabinete e, em caso de doença, cada um tem o substituto de seu partido.


Para não parecerem diminuídos, os norte-irlandeses chamam seu representante de "co-primeiro-ministro", o que o DUP não aceita.


Formada em direito, Arlene dedicou-se à assistência social em seu distrito antes de se lançar à carreira política. É considerada boa negociadora, mas o currículo em seu site oficial começa destacando-a como uma "aguerrida defensora da União".


A habilidade política ficou demonstrada em uma de suas primeiras manifestações ao ser confirmada a vitória do DUP, já com a perspectiva da aliança para viabilizar o governo de Theresa May. Ela disse que a Irlanda do Norte foi contra a saída da União Europeia e não aceita o "Brexit duro".


Citou especificamente que o DUP não admite a hipótese de voltar a haver fronteiras formais com a Irlanda. Como essa posição é idêntica à do Sinn Féin, para não se confundir com o oponente, ela "atacou" os nacionalistas dizendo que eles vivem dizendo que as fronteiras vão voltar, mas o DUP não deixará.


Foi a capacidade de harmonizar o contrário sem anular a personalidade que garantiu o sucesso das duas legendas. Juntas, obtiveram 17 das 18 cadeiras norte-irlandesas. É a marca que leva Arlene ao governo britânico.