Ibovespa amplia queda após comissão rejeitar trabalhista; dólar sobe
A bolsa de valores brasileira vive uma terça-feira de queda, pressionada pelas ações da Petrobras, que acompanham a forte baixa do petróleo no mercado internacional. A queda ficou mais acentuada depois que a Comissão de Assuntos Sociais do Senado rejeitou o relatório da reforma trabalhista na tarde desta terça-feira.
O Índice Bovespa recuava 1,55%, para 61.055 pontos, às 13h15.
O texto segue tramitação normal, mas a rejeição na comissão representa derrota para o governo. O Planalto vê na aprovação da reforma uma maneira de demonstrar que está tocando seu trabalho normalmente. A proposta ainda deve passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), cuja relatoria cabe ao senador Romero Jucá.
Jucá afirmou que o resultado na CAS "não muda nada". De acordo com ele, o jogo está em 1 a 1, considerando que a medida já foi aprovada em outra comissão da Casa.
A rede de universidades Estácio está entre as maiores quedas do Ibovespa, o principal índice acionário local, depois de o Valor PRO publicar a notícia de que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) considera a possibilidade de barrar a fusão da empresa com a sua concorrente Kroton.
A ação PN da Petrobras caía 2,85%, para R$ 11,95, e a ordinária tinha queda de 2,18%, para R$ 13,04. O petróleo tipo Brent recuava 2,37% na bolsa de Londres, para US$ 45,80 o barril com entrega em agosto, devido ao ceticismo dos investidores no que diz respeito aos esforços dos principais produtores mundiais para diminuir a oferta do combustível e reequilibrar o mercado.
A Estácio perdia 5,06%%, a R$ 16,15, e a Kroton caía 1,73%, para R$ 14,16, há pouco.
Os investidores seguem atentos ao desenrolar da crise política enfrentada pelo país, enquanto tentam entender em que medida as incertezas vão afetar a retomada da economia.
Relatório preliminar da Polícia Federal (PF) sobre a investigação do presidente Michel Temer (PMDB) e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures concluiu que houve prática de corrupção passiva pelo chefe do Poder Executivo. A PF encaminhou as informações ao Supremo Tribunal Federal (STF) e pediu mais prazo para a conclusão do inquérito. Uma vez finda essa apuração, caberá ao procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, decidir se denuncia Temer e Loures.
A fim de analisar as perspectivas para a recuperação da atividade que começou a ser esboçada no início do ano, o mercado aguarda, ainda, os números sobre mercado de trabalho em maio. O Ministério do Trabalho e Emprego divulga às 15h30 os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do mês passado.
Dólar
O dólar firma a alta e avança para perto de R$ 3,33 nesta terça-feira. O movimento é amparado pelo ambiente externo arisco aos ativos de emergentes em meio à acentuada desvalorização do petróleo. As principais moedas dessas praças encabeçam os piores desempenhos diários numa lista de 33 divisas globais. A pressão vinda do exterior se une à cautela com as incertezas políticas no Brasil, a exemplo do persistente risco de que o PSDB decida pelo desembarque do governo.
O dólar ampliou alta após a CAS do Senado rejeitar o relatório da reforma trabalhista por 10 votos s 9.
Por volta das 13h15, o dólar comercial ampliou alta para 1,23%, a R$ 3,3291, com máxima em R$ 3,3136.
O diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior, alerta que a cena doméstica tem levado o câmbio doméstico a perder a correlação com alguns pares, como o dólar da Austrália. Só neste mês, por exemplo, o real brasileiro acumula perda de mais de 2% enquanto a moeda australiana tem um ganho de 2%.
"Há um grande descolamento do real após o vazamento do áudio dos executivos da JBS com o presidente Michel Temer. A perda de correlação é um evento relativamente raro, que é direcionado por fatores internos", diz o especialista. Ele alerta que, diante do intenso fluxo de novidades na política, o mercado se mostra cada menos paciente e o dólar, aos poucos, testa níveis mais elevados. "Se aprovar a reforma trabalhista, o mercado pode melhorar. A proposta da Previdência é mais complicada. E por enquanto não temos grande avanço na agenda", alerta.
Ainda na política, os agentes financeiros avaliam o relatório parcial da Polícia Federal sobre a investigação contra Temer e o julgamento de Aécio Neves no Supremo Tribunal Federal (STF). A eventual denúncia contra o presidente e a situação do senador afastado do PSDB aumentam as dúvidas sobre o apoio dos tucanos ao governo de Michel Temer.
Enquanto isso, a conjuntura econômica continua a dar sinais de fragilidade. Hoje, foram conhecidos os números de arrecadação de maio, que somaram R$ 97,694 bilhões, representando o pior resultado para o mês desde 2010.
Juros
O contrato futuro para julho, por sua vez, marca R$ 3,3405, com avanço de 1,46%.
Na renda fixa, o DI janeiro/2021 marcava a 10,180%, ante 9,990% no ajuste anterior. Entre vencimentos longos, mais sensíveis ao risco estrutural, o DI janeiro/2023 avançava a 10,600%, ante 10,400% no ajuste anterior, e o DI janeiro/2025 subia a 10,790%, na mesma base de comparação 10,590%.
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