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Ibovespa cai para 60 mil pontos após comissão rejeitar trabalhista

20/06/2017 17h30

Após mal estar causado pela rejeição do relatório da reforma trabalhista na CAS (Comissão de Assuntos Sociais) do Senado, o Ibovespa ampliou a queda, mas manteve a faixa dos 60 mil pontos. O índice caiu 2,01% e marcou 60.766 pontos, com giro financeiro de R$ 6,6 bilhões. A rejeição do relatório aumentou as incertezas sobre a aprovação da reforma da Previdência Social, que é um tema mais complexo e de mais difícil aprovação. Mas, de acordo com operadores, o patamar em que o Ibovespa tem oscilado nos últimos dias, entre 60 mil e 62 mil pontos, ainda indica que a aposta dos investidores é de aprovação da reforma da Previdência "mais magra".


Uma reforma da Previdência considerada possível neste momento seria aquela que contemplaria a idade mínima e a regra de transição para aposentadoria, na avaliação de operadores. "Quando o Ibovespa cair abaixo de 60 mil pontos será um indicador de que os investidores começaram a apostar que nem essa reforma será aprovada", diz um operador.


Em um resultado surpreendente, a CAS rejeitou o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) favorável à reforma trabalhista. Ao todo, 10 senadores votaram contra o texto, contra nove votos favoráveis. A CAS é a segunda das três comissões pelas quais tramita o texto no Senado. Ele já havia sido aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) em maio. A tramitação prevê ainda análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), cuja relatoria cabe ao senador Romero Jucá (PMDB-RR). Segundo Ferraço, a aprovação no plenário vai depender da capacidade de mobilização dos senadores.


O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), atribuiu a derrota à mudança de posição individual de alguns parlamentares da base aliada. Para ele, a reforma não está ameaçada e será aprovada pela maioria da Casa a partir do dia 28, quando chega ao plenário. Sérgio Petecão (PSD-AC) estava ausente e no lugar dele votou Otto Alencar (PSD-BA), que faz oposição ao governo; Eduardo Amorim (PSDB-SE) e Hélio José (PMDB-DF), da base governista, foram votos contrários que viraram o placar.


De Moscou, o presidente Michel Temer disse que "votação no Congresso é assim mesmo. Passa numa comissão e ganha na outra. O que importa é o plenário. E no plenário vamos ganhar". Temer faz uma visita oficial de dois dias à Rússia e antes de voltar ao Brasil faz escala na Noruega.


Outro fator de apreensão para os investidores no pregão de hoje foi a reunião da Executiva Nacional do PSDB, marcada para amanhã, que pode decidir pela saída do partido da base aliada do governo. "A questão é que o PSDB está mais preocupado com o apoio para a eleição presidencial do ano que vem do que qualquer outra coisa", diz um operador.


Desde o começo do dia, o Ibovespa já operava em baixa, com a queda das ações de empresas ligadas ao setor de commodities. Os contratos futuros de petróleo WTI com vencimento em agosto fecharam com baixa de 2,2%, cotados a US$ 43,23 o barril. Aqui, as ações preferenciais da Petrobras recuaram 3,50% e os papéis ordinários tiveram baixa de 2,40%. As ações da Vale também fecharam em queda, com os papéis PNA em queda de 2,87% e as ações ordinárias com baixa de 2,58%. O preço do minério de ferro fechou com leve alta de 0,3% em Qingdao, na China, para US$ 56,45 a tonelada.


As ações do sistema financeiro também encerraram o dia com desvalorização, com destaque para os papéis do Banco do Brasil, que recuaram 4,17%. As ações das demais companhias estatais também tiveram queda. As ações PNB da Eletrobras recuaram 4,22% e os papéis ordinários caíram 4,10%.


Também encerraram o pregão em baixa as ações da Estácio, que recuaram 7,11%, a maior queda do dia. De acordo com reportagem do Valor, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) considera a possibilidade de barrar a fusão da empresa com a Kroton. As ações da Kroton recuaram 3,89%.


As ações da JBS caíram 5,35% depois de a empresa anunciar oficialmente o plano de desinvestimentos do seu grupo controlador, J&F Investimentos. A holding pretende conseguir R$ 6 bilhões com a venda de participações na Vigor e na Moy Park, ativos da Five Rivers Cattle Feeding e fazendas.


Na ponta oposta, a maior alta do dia ficou com a Ambev, que subiu 1,12%. "A Ambev é um papel defensivo e costuma ser demandado em épocas de incerteza", diz um operador. Para outro profissional, há um movimento de compra de ações para cobrir posições vendidas, transação conhecida como "short squeeze".