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Juros futuros longos cedem com exterior, apesar de incerteza doméstica

28/06/2017 16h56

Os juros futuros negociados na B3 registraram queda nesta quarta-feira, especialmente nas taxas de médio e longo prazos, mais correlacionadas ao movimento externo.


Ao fim do pregão regular, às 16h, o DI janeiro/2023 tinha queda a 10,620% (10,760% no ajuste anterior). O DI janeiro/2025 caía para 10,860% (10,990% no último ajuste). Entre os vencimentos médios, o DI janeiro/2021 recuava a 10,130% (10,250% no ajuste de ontem).


As taxas de DI mais curtas também caíram, numa indicação de que o mercado segue acreditando que o Banco Central tem espaço para continuar a reduzir a Selic, a despeito das dúvidas que cercam a agenda de reformas.O DI janeiro/2018 caía a 8,960% (8,985% no ajuste anterior). E o DI janeiro/2019 cedia a 8,930% (8,990% no último ajuste).


Notícias sobre possível elevação de impostos pelo governo não chegaram a impedir o alívio dos DIs mais influenciados pelas expectativas para a política monetária. O raciocínio é que, ainda que aconteça, a elevação de tributos não deve exercer pressão significativa sobre a inflação deste ano. Segundo a Focus, a expectativa é que o IPCA termine 2017 em 3,48% - bem abaixo do centro da meta (4,5%).


E mesmo sobre a inflação de 2018 o impacto não é visto como empecilho à manutenção da Selic em patamares entre 8% e 9%. A pesquisa Focus mostra que o mercado espera que a taxa básica fique em 8,5% ao fim de 2018, quando a inflação deverá ser de 4,30%.


Do noticiário político, o mercado avaliou como positiva à agenda de reformas a decisão de Renan Calheiros de entregar o cargo de líder do PMDB no Senado Federal, onde atualmente tramita o texto da reforma trabalhista. Renan tem assumido posição crítica em relação ao presidente Michel Temer e às medidas propostas pelo Planalto. O atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), afirmou hoje que o texto da reforma trabalhista - por ora na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) - será votado em plenário na semana que vem.


De forma geral, operadores relatam que investidores estão com posições mais leves, ainda na direção de encaminhamento do ajuste fiscal, apesar das primeiras avaliações de que a reforma da Previdência pode não sair neste ano."Para mim, essa contradição é porque o mercado inteiro está de mãos dadas para pelo menos acreditar que alguma reforma ainda pode ser aprovada. Só que tudo indica que esse não será o caminho", diz o profissional de uma gestora. "Pode até ser difícil apostar a favor [dos ativos], mas não acho que apostar contra é tão menos arriscado."


Nesse contexto, a dúvida recai sobre que evento poderia deflagrar um "sell-off" (venda generalizada) dos ativos. Dado que a aprovação da reforma trabalhista ainda é o cenário-base da maioria dos investidores, é razoável pensar que uma frustração desse lado ditaria uma nova rodada de aumento dos prêmios de risco. Além disso, a PGR deve apresentar segunda denúncia contra o presidente Temer apenas em agosto, o que vai exigir mais energia do governo para sua própria sobrevivência - em vez de concentrar esforços na aprovação das mudanças na Previdência.


Os mercados internacionais experimentaram um pregão positivo hoje, com dados dos EUA e comentários de fontes do BCE amenizando preocupações em torno de diminuição de liquidez pelos principais bancos centrais.