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Tensão política traz volatilidade à bolsa e dólar reage ao exterior

28/06/2017 13h52

O dólar opera em baixa nesta quarta-feira (28). O movimento por aqui segue o sinal vindo do exterior. As moedas emergentes e commodities ganham terreno com a amenização do receio sobre uma futura diminuição a liquidez na zona do euro. Contribui para o movimento o avanço moderado dos contratos futuros de petróleo.


Hoje, o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vitor Constâncio, disse que os mercados reagiram de maneira exagerada aos comentários anteriores de Mario Draghi, presidente da instituição.Ontem (27), Draghi desencadeou forte reação nos mercados internacionais de renda fixa ao afirmar que a inflação na região era contida por fatores apenas temporários. O discurso reforçou a visão de que a instituição deve reduzir o estímulo monetário ainda neste ano.Constâncio afirmou que as falas não tiveram novidades e aliviou, pelo menos por enquanto, os receios do mercado.


Por volta das 13h30, o dólar comercial caía 0,56%, a R$ 3,3005, com mínima em R$ 3,2955.O contrato futuro para julho, por sua vez, recua 0,48%, a R$ 3,3010.


Por aqui, os agentes financeiros acompanham a sessão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que deve colocar em votação da reforma trabalhista. Ainda que a expectativa seja de aprovação da medida no colegiado, é frequente a recordação entre operadores da derrota na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, na semana passada. A avaliação na CCJ é o passo final antes de seguir para o plenário do Senado.


A previsão de técnicos e assessores ontem era de que a votação esteja concluída até as 21h. A oposição, porém, deve tentar bloquear a votação, alegando que a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer inviabiliza a votação.


O Commerzbank recomenda uma postura cautelosa para investimentos no Brasil por causa do ambiente de incertezas políticas no país. Em relatório, a instituição alerta para a "inquietação fervilhante" desde meados de maio e o aumento de alegações contra o presidente Michel Temer a partir de então. "Embora Temer ainda pareça ser apoiado por seus aliados da coalizão no momento, a situação parece ficar cada vez mais difícil", diz o banco. "Os investidores devem se manter à margem dada a incerteza política atual", acrescenta.


Em geral, o ambiente para o real brasileiro não é particularmente favorável, na avaliação do banco. "A incerteza sobre o futuro político atualmente domina a cena. Se essa incerteza continuar por muito mais tempo, o real deve ficar sob pressão elevada", acrescenta.


Juros


Os juros futuros operam bem próximos da estabilidade no início da tarde desta quarta-feira. O mercado de renda fixa acompanha de perto, com menos preocupação, o debate sobre uma possível redução de liquidez provida pelos principais bancos centrais do mundo, enquanto por aqui aguarda a votação da reforma trabalhista na CCJ do Senado.


A cautela com a política pode não se refletir numa alta clara dos juros futuros nesta quarta-feira, mas transparece no nível elevado da inclinação da curva, de acordo com operadores. A diferença entre o DI janeiro de 2021 e o DI janeiro de 2019 registrou hoje 1,27 ponto, mesmo nível do fechamento de ontem e mais elevado em mais de um mês.


A conta sinaliza a percepção de risco no mercado e indica a preferência por alocação de capital em vencimentos mais curtos em detrimento de mais longos.


Os investidores aguardam ainda a reunião, amanhã à noite, do Conselho Monetário Nacional (CMN) em meio à expectativa de corte da meta de inflação, para 4,25%.


Por volta das 13h30, o DI janeiro/2018 se mantinha estável em 8,985%, e o DI janeiro/2019 recua a 8,970%, ante 8,990%. Ainda entre os intermediários, o DI janeiro/2021 marca 10,190%, de 10,250%.


Bolsa


A bolsa de valores brasileira opera com volatilidade nesta quarta-feira: enquanto as siderúrgicas seguem os fortes ganhos do minério de ferro, as empresas que dependem mais da demanda doméstica sofrem com a incerteza quanto ao rumo da economia, decorrente da crise política.


O Ibovespa ganhava 0,36%, com 61.895 pontos, às 13h44.


Três das cinco maiores altas do Ibovespa no início da tarde são de companhias ligadas ao setor de metais. O ferro, principal ingrediente para a fabricação do aço, subiu 4,4% na China hoje, para US$ 62,33 a tonelada, dando continuidade à recuperação esboçada nas últimas duas semanas.


A Metalúrgica Gerdau registra alta de 5,58%; a Bradespar, acionista da Vale, avança 3,49%; já a Gerdau PN sobe 3,41%. Cemig PN (4,43%) e Eletrobras ON (3,72%) completam o time das cinco maiores altas do horário.


A alta da Cemig foi puxada pelo anúncio de que a chinesa State Power Investment Overseas fez uma oferta para comprar as participações da Cemig Geração e Transmissão e da SAAG Investimentos na Madeira Energia, concessionária da hidrelétrica de Santo Antonio, no rio Madeira, em Rondônia.


Contrabalançando a elevação desse segmento, os índices acionários de empresas de consumo e de construção exibem os piores desempenhos entre sete grupos setoriais.


A pior queda no Ibovespa é da Estácio, cujo processo de fusão com a Kroton deve ser analisado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na segunda etapa do dia. A universidade caía 2,16%.


Na sequência das maiores quedas, estão Qualicorp ON (-1,99%), Lojas Renner (-1,20%), BRF ON (-1,14%) e Raiadrogasil ON (-1,11%).