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Lula diz que Lava-Jato é um partido e sugere a Moro ser candidato

11/08/2017 23h19

Em discurso para uma plateia com centenas de estudantes, professores e juristas, que lotaram a Faculdade de Direito da UFRJ, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "o pessoal que compõe a força-tarefa [da Lava-Jato] é um partido político" e criticou "a subordinação da Justiça à opinião pública", que considerou "um crime muito grave contra o processo democrático". Lula sugeriu que o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, que o condenou a nove anos e meio de prisão, entre para o política. "Ele que largue sua toga e seja candidato a deputado estadual. A única coisa que deve nortear o juiz são os autos do processo. Nem o réu pode estar acima da lei, mas nem o juiz está acima da lei", disse. Caso a condenação de Lula seja confirmada em segunda instância, o petista ficará inelegível para concorrer à Presidência em 2018.


Apesar de todo o clima de pré-campanha eleitoral, com distribuição de adesivos, como "Eleições sem Lula é fraude", e a presença da ex-presidente Dilma Rousseff, os organizadores afirmaram à plateia que o ato não tinha caráter político e por isso os políticos de carreira ou dirigentes partidários, como o senador Lindbergh Farias e o deputado federal Carlos Zarattini, não ocupavam os assentos logo à frente da tribuna. Neles estava parte dos 122 professores e juristas que são autores do livro "Comentários a uma sentença anunciada - O processo Lula", no qual fazem uma avaliação crítica da condenação de Lula por Sérgio Moro.


O petista criticou o presidente Michel Temer. "Acho que não estamos vivendo num Estado de direito. Quem deu o golpe foi um advogado que se diz constitucionalista", afirmou, despertando na plateia gritos de "Canalha!", "Fascínora!". "Quem deu o golpe tinha sustentação da imprensa para vender a tal pedalada como um crime, quando todo mundo sabia que era prática anterior, de pegar dinheiro para cobrir uma conta e isso nunca foi crime" disse.


Lula afirmou que "toda noite" pensa que erro cometeu e que, quando chega a hora de depor, fica esperando a "novidade", a chance de ser desmoralizado, diante de evidências como "taqui sua conta na Suíça, no Uruguai, nas ilhas Cayman. Os honestos não aguentaram um tiro de garrucha", disse.


Em seguida, disse que seus adversários ficam muito inquietos quando realizam uma pesquisa de opinião e descobrem que, sem ter um candidato competitivo a presidente, tudo "o que fizeram foi parir um Bolsonaro". "Eles estão em um dilema sério, com ultrassonografia dá para ver como vem a criança. Eles já sabem qual é o defeito do Bolsonaro. Talvez eles sejam contra o aborto e deixem o Bolsonaro aí."