Dólar supera R$ 3,20 com incerteza fiscal
O dólar chegou à reta final da sessão no mercado interbancário testando a cotação de R$ 3,20, fechando pouco abaixo dela. A tomada de fôlego da moeda se deu em meio a mais notícias sugerindo que o governo ainda enfrenta dificuldades para definir as metas fiscais, num momento em que medidas de alívio às contas públicas continuam atraindo dúvidas.
O real teve o pior desempenho do dia entre as principais divisas emergentes, num pregão em que essas moedas se valorizaram. Em queda de 2,41% no mês, a taxa de câmbio brasileira ocupa a lanterna entre emergentes também no acumulado de agosto.
É importante lembrar, porém, que a cotação no mercado interbancário - onde os negócios fecham às 17h - reagiu "com atraso" a rumores da sexta-feira sobre o governo ter desistido da TLP, a partir de 17h40 daquele dia. A taxa do dólar para setembro foi impactada pelos boatos, já que as operações no mercado futuro se encerram às 18h. Por isso, o dólar comercial subiu com mais força hoje (0,64%, para R$ 3,1953), enquanto o dólar para setembro tinha variação positiva de 0,09%, a R$ 3,2085.
Na máxima, o dólar comercial foi a R$ 3,2058, maior patamar em um mês.
O governo não só não anunciou hoje as novas metas de déficit primário para 2017 e 2018 como pode reverter bloqueio de R$ 5,9 bilhões do Orçamento, relata o jornalista Fabio Graner citando fonte da equipe econômica. A expectativa agora é que as novas projeções do governo para o rombo das contas públicas sejam conhecidas apenas amanhã. O que circula no noticiário é que, para 2017, a meta fiscal poderá ficar R$ 20 bilhões acima do atual alvo. Ou seja, o déficit primário saltaria dos atuais R$ 139 bilhões para algo próximo de R$ 159 bilhões, número semelhante ao registrado em 2016.
O mercado ficou estressado já no fim da sexta-feira, quando rumores de que o governo teria desistido da MP 777 - que substitui a TJLP pela TLP - aumentaram a incerteza sobre o rumo da trajetória da dívida do Brasil. Numa tentativa de acalmar o mercado, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse, ainda na sexta, em sua conta no Twitter que o governo trabalha "firme" pela aprovação da TLP.
A introdução da TLP é vista como importante pelo mercado porque ajudaria a reduzir o subsídio implícito oferecido pelos financiamentos do BNDES corrigidos pela TJLP, aumentando a potência da política monetária e melhorando o cenário para as contas públicas no médio e longo prazos. A aprovação é uma das medidas esperadas pelo mercado como forma de amenizar o desgaste provocado pela esperada piora das metas fiscais, num cenário sem grandes expectativas para a reforma da Previdência ainda neste ano.
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