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Eletrobras faz Ibovespa registrar maior alta intradia desde 2011

22/08/2017 13h47

Euforia. Essa é a palavra que define o comportamento da bolsa nesta terça-feira (22), dia em que o Ibovespa retomou o nível dos 70 mil pontos. A notícia de que o governo pretende privatizar a Eletrobras trouxe forte entusiasmo aos investidores e contagiou todo o mercado, mas de forma especial empresas estatais.


Na máxima, o Ibovespa tocou 70.278 pontos, maior nível intradia desde 19 de janeiro de 2011, quando o índice atingiu 71.189 pontos. Às 13h33, estava em 70.119 pontos, alta de 2,16%.


Ainda que haja dúvidas sobre se há tempo hábil para que a venda da empresa aconteça ainda neste governo, o mercado reage ao sinal positivo emitido tanto de compromisso com a busca de uma solução fiscal como também de enfrentar problemas antigos do país, que geram grande ineficiência.


"O mercado reagem bem porque entende que outras empresas também podem ser vendidas", afirma o economista-chefe da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-Rio, José Marcio Camargo. "Mas a venda da Eletrobras é particularmente importante porque trata-se de uma empresa ineficiente, endividada, que dá muito prejuízo ao governo."


Eletrobras começou a subir com força já no after market de Nova York, quando os ADRs ganharam quase 20%. Hoje, às 13h33, Eletrobras ON subia 47,89% - com giro de R$ 361 milhões, o terceiro maior volume do mercado - e PNB ganhava 35,05% (giro de R$ 266,7 milhões). A reboque, outras ações de companhias elétricas também avançam com força, puxando o índice do setor elétrico da bolsa para uma alta de 3,79%. O destaque é Cemig, que ganha 6,81%.


Outras companhias estatais também sobem, como o Banco do Brasil ON, que tem valorização de 3,93%. Já a Estácio Participações ON sobe 3,71%.


Câmbio


O câmbio brasileiro é o destaque positivo da sessão desta terça-feira. Numa lista de 33 divisas globais, a valorização do real é a mais acentuada, num desempenho bem superior a dos principais pares emergentes. A movimentação positiva dos ativos domésticos é atribuída em boa parte à intenção do governo em privatizar a Eletrobras. A leitura entre profissionais de mercado é de que o plano anunciado para estatal sinaliza aumento da arrecadação potencial aos cofres públicos e possível ganho de eficiência econômica.


"Tem impacto direto nas contas do governo, com a arrecadação", diz o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. A percepção é ainda mais ampla, uma vez que privatizações - ou desestatizações - são medidas que vão no sentido de buscar maior eficiência da economia. Rostagno destaca que muitos escândalos de corrupção e casos de baixa eficiência envolviam estatais. "O setor de energia já foi usado com intuito político e teve redução de tarifa quando não tinha condições", afirma.


Apesar da recepção positiva ao anúncio da Eletrobras, há ainda motivos de cautela no noticiário. Ontem, a Justiça Federal concedeu liminar que suspende o leilão das quatro hidrelétricas da Cemig que tiveram a concessão retomada pelo governo federal ao término do prazo contratual.


E hoje, será observada de perto a votação em comissão mista do relatório da MP 777, que propõe a criação da TLP. O Planalto prevê 18 votos favoráveis à medida. Além do voto em comissão, a MP tem de ser apreciada pelos plenários da Câmara e Senado antes de 6 de setembro para não perder a validade. A ideia do governo é tentar mandar a MP para o plenário da Câmara ainda nesta terça-feira. otimismo deve ser limitado no mercado.


"Ainda é bem preocupante a questão fiscal e o mercado está muito sensível a qualquer novidade de âmbito político ou propriamente fiscal", diz o profissional de tesouraria de um banco no Brasil.


Por isso, o espaço para queda do dólar no curtíssimo prazo também é contido. Para o especialista, o dólar "não deve fugir muito do intervalo de R$ 3,15 e R$ 3,20, mas pode até buscar o nível de R$ 3,10". Ele ainda aguarda mais novidades de como será conduzido o processo de privatização da Eletrobras e, por ora, não vê grande fluxo de entrada de recursos no país. Mas quando for dada a largada, a expectativa é de algum fluxo positivo "não só pelo negócio de fato, mas também pela questão da postura do governo de maior comprometimento com a questão fiscal".


Por volta das 13h40, o dólar comercial cai 0,52%, a R$ 3,15283. Na mínima, a divisa recuou até R$ 3,1462, revertendo toda a alta de fechamento na véspera.O contrato futuro para setembro, por sua vez, cai 0,27%, a R$ 3,180.


Juros


A proposta de desestatização da Eletrobras serve de alívio ao mercado em meio a preocupações com a situação fiscal do país. A iniciativa do governo sinaliza um aumento potencial de arrecadação e, talvez mais importante, aponta para o ganho de eficiência econômica. Como reflexo dessa leitura, os juros futuros operam em baixa desde a abertura da sessão. Ainda assim, os agentes financeiros ainda aguardam avanço em medidas de ajuste estrutural da economia, com destaque hoje para a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP).


Está prevista para esta tarde a votação em comissão mista no Congresso da proposta que cria a TLP. O Planalto prevê 18 votos favoráveis à medida hoje. A MP 777, que trata da questão, ainda tem de ser apreciada pelos plenários da Câmara e Senado antes de 6 de setembro para não perder a validade.


Em reunião que serve de subsídio para a Relatório de Inflação (RI) no Rio, economistas destacaram a importância da aprovação da proposta principalmente diante da baixa expectativa de avanço da reforma da Previdência. "O mercado vê que a TLP é muito importante, não só pelo mérito da medida mas pela sinalização política", diz um dos participantes do encontro. "É uma sinalização de qual a base do governo, se está unida ou não, se tem maioria para ter alguma esperança para previdência ou não", acrescenta.


A iniciativa visa diminuir os subsídios oferecidos pelo BNDES em suas linhas de crédito, substituindo assim Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Além do esforço para corrigir as contas públicas, a também tem efeito esperado na política monetária uma vez que equalizaria as diferenças entre as taxas cobradas pelo banco de fomento e os valores de mercado, abrindo espaço para baixa mais sustentável da taxa básica de juros.


Diante das preocupações, os mercados encontram alento no plano de privatização da Eletrobras. O efeito no ambiente de negócios se dá pelo potencial aumento da arrecadação do governo e, principalmente, pela busca por eficiência na economia. Comenta-se no mercado que processo pode gerar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões aos cofres.


"Isso traz um alívio fiscal já que o governo está pressionado para alcançar as novas metas", diz Marcos Mollica, sócio e gestor no Rosenberg Investimento. Mais do que isso, a possível venda da estatal ao setor privado indica uma melhora de eficiência. "Sabemos que as empresas sob o comando do poder público são ineficientes, conhecidas por serem cabide de empregos", diz. "A proposta de privatização mostra a disposição do governo de ir na direção correta", acrescenta.


Ainda assim, não houve até agora avanço concreto em medidas para mudar estruturalmente a dinâmica da dívida. E essa preocupação se reflete no mercado de renda fixa. Nas últimas semanas, o trecho longo da curva de juros passou a operar com mais prêmio e a diferença com vencimentos mais curtos aumentou às máximas plurianuais.


Por volta das 13h45, o DI janeiro/2021 cai a 9,430% (9,520% no ajuste anterior).O DI janeiro/2018 recua a 8,020% (8,035% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 perde a 8,030% (8,070% no ajuste anterior).