Em dia de baixa liquidez, mercado debate trajetória da Selic
O mercado de juros teve um dia de pouca movimentação nesta segunda-feira. Boa parte da morosidade nos negócios foi atribuída à redução da liquidez internacional, em meio ao feriado americano do Dia do Trabalho. Foram negociados pouco mais de 435 mil contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) até o fechamento da sessão regular, bem próximo do volume mais baixo do ano, de 431,388 mil contratos, em 16 de janeiro, de acordo com números registrados na B3.
A despeito do início morno, a sessão traz eventos importantes na agenda econômica. É quase consensual a leitura de que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzirá a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, a 8,25% ao ano, nesta quarta-feira. No entanto, ainda mais do que a decisão do Copom em si, o debate centra-se atualmente nas possíveis indicações dos dirigentes do BC sobre as próximas etapas no atual ciclo de corte de juros.
A leitura de boa parte do mercado é de o BC já pode preparar terreno para encerrar ciclo de afrouxamento. Para o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno, o espaço para cortar juros está mais reduzido e, por isso, espera que o BC "deixe a porta aberta para diminuir o ritmo". Ele destaca, contudo, que não são descartadas novas surpresas do fronte de inflação, o que poderia fazer o Banco Central rever um eventual sinal no comunicado desta semana.
A expectativa no Itaú Unibanco é de que o Copom sinalizará "que a estabilização das condições econômicas, em um ambiente em que a taxa de juros real já se encontra em patamares historicamente baixos e expansionistas, deve permitir uma redução do ritmo de corte da taxa Selic a partir da próxima reunião, em 24 e 25 de outubro", diz.
Essa redução de ritmo, na avaliação do banco, seria consistente com o estágio avançado do ciclo de cortes e com os sinais de retomada gradual da atividade econômica, em um ambiente de expectativas de inflação estáveis em patamar ligeiramente abaixo da meta em 2018 e na meta de 2019 em diante.
Os profissionais de mercado apontam que a inflação em baixa apoia a trajetória de queda da Selic. Algumas casas apostam, inclusive, que a taxa cairá até a casa de 6%, indo além da atual mínima histórica de 7,25%. Um dos testes à este cenário deve vir com o IPCA de agosto, que também será divulgado nesta quarta-feira. A expectativa no banco Haitong é de que o indicador fique em 0,26%, ante alta de 0,24% em julho.
Diante de um cenário favorável, que conta com recuperação gradual da atividade, "parece difícil acreditar que a economia brasileira deve passar por uma situação que provocaria um aumento severo no balanço de riscos de inflação e que exigiria uma reversão na condução da política monetária", diz o banco. De fato, a leitura parece ser a contrária, acrescenta. O BC deve "aproveitar esta oportunidade para trazer a meta Selic para um nível relativamente baixo - para os padrões históricos brasileiros - de forma sustentável", acrescenta.
A leitura de que o ciclo de corte da Selic se aproxima do fim do ciclo já inclui sinais de recuperação da atividade econômica, enquanto a agenda de reformas - importante do ponto de vista do juro neutro - ainda é vista com cautela.
"A questão é analisar o ponto de chegada da Selic, até onde a taxa pode ir", diz o economista Silvio Campos Neto, na Tendências. A inflação está bem comportada e pode até surpreender um pouco mais os mercados, na avaliação do especialista. Ainda assim, a atividade já dá sinais de melhora. "E essa reação (da atividade) pode ser utilizada para o Copom demonstrar que se aproxima do fim do ciclo de queda de juros", acrescenta.
No Boletim Focus, a projeção para o crescimento da economia subiu para 0,50% em 2017, ante leitura de 0,39% na semana anterior. Para o ano seguinte, foi mantida a estimativa de expansão de 2%. Já os números esperados para inflação foram ajustados para baixo, a 3,38% e 4,18%, respectivamente.
"Ainda é cedo para os sinais de melhora da atividade afetarem a política monetária no curto prazo", diz o operador Matheus Gallina, da Quantitas. O especialista concorda que é um tema que pode tratado no comunicado do Copom nesta semana. Ainda assim, mesmo que não seja a visão majoritária, ele não descarta que o BC mantenha a porta aberta para um corte adicional de 1 ponto da Selic em outubro.
No encerramento da sessão regular, por volta das 16h, o DI janeiro/2018 marcava 7,765% (7,790% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 subia a 7,820% (7,800% no ajuste anterior)
DI janeiro/2021 operava a 9,200% (9,210% no ajuste anterior).
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