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Maia: Janot terá "reação muito dura" contra irresponsabilidade da JBS

05/09/2017 12h23

(Atualizada às 13h50) O presidente da República em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na manhã desta terça-feira (5) que espera que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, seja contundente em sua reação às eventuais irregularidades na delação dos executivos da JBS.


Ontem, Janot afirmou, em coletiva de imprensa, que pediu para que omissões nos depoimentos de executivos da companhia sejam investigadas. De acordo com Janot, novos áudios entregues pelos delatores da JBS indicam que o ex-procurador Marcello Miller teria atuado na "confecção de propostas de colaboração" do acordo que viria a ser fechado entre os delatores e o Ministério Público Federal (MPF).


"De alguma forma, gera algumas dúvidas em relação à delação da JBS e a relação que o procurador Marcello [Miller] construiu com alguns escritórios de advocacia e algumas empresas", afirmou Maia. "O doutor Janot deu a primeira resposta rápida e pediu prazo rápido de cinco dias para que se investigue de forma urgente. É importante, porque a sociedade, ao mesmo tempo em que apoia as investigações contra o presidente da República, quer ver uma investigação mais firme contra os donos da JBS."


Sem falar sobre qual decisão seria mais adequada sobre o caso, Maia disse que a sociedade quer uma investigação firme sobre a JBS. "Acho que ele [Janot] vai tomar as decisões duras como tem tomado ao longo do mandato dele como PGR. Acho que deu um prazo muito curto para esclarecer essa questão. Queremos que as investigações de todos os casos continuem, que aqueles culpados sejam condenados e os que foram citados, de forma irregular e sem provas, os casos sejam arquivados."


Na avaliação dele, a fala de Janot não enterra as possibilidade de ele apresentar uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) antes do dia 17 de setembro, último dia em que Janot ocupará a principal cadeira da PGR. "O Brasil é um país que em 12 horas tudo pode mudar. Ontem, estávamos discutindo como seria a denúncia, qual é o prazo, como ela viria. Agora, estamos discutindo a reorganização da delação da JBS", afirmou Maia, acrescentando ter convicção de que Janot terá uma reação "muito dura contra essa irresponsabilidade que está vindo à tona".


De acordo com o presidente da República em exercício, não é seu papel olhar para trás e avaliar se o processo de delação dos executivos da JBS foi rápido ou não. Para ele, "o instituto da delação tem a sua importância". "O que a sociedade vem reclamando de forma correta é que os benefícios oferecidos aos donos da JBS foram muito generosos. Essa gravação pode reorganizar essa relação de benefícios", acredita Maia.


Para ele, os trabalhos da Câmara não serão paralisados pelas novidades trazidas por Janot e a reforma política deve ser discutida e votada nesta terça-feira. Maia afirmou que uma eventual nova denúncia contra Temer apresentada deve ser discutida apenas quando for efetivamente apresentada por Janot. "Na hora que o Plenário tiver que votar a segunda denúncia, vamos votar, se ela existir. Estamos há uma semana discutindo algo que não existe. Deveríamos discutir uma segunda denúncia quando ela fosse oficialmente apresentada. Vamos esperar os próximos dias. Procurador tem até o dia 17 para isso."


Ao final da entrevista, o presidente da República em exercício afirmou que acredita que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) supostamente citados nos áudios "foram citados de maneira irresponsável".


Por sua vez, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), defendeu que as investigações a respeito de eventuais desvios na delação premiada da JBS sejam aprofundadas e que, se for necessário, sejam cortadas "as carnes de quem efetivamente realizou atos adversos à moral, à ordem e à boa prática pública". "Acho que estamos vivendo num Brasil democrático, onde a lei deve valer para todos os brasileiros, seja ele pobre, rico, detentor de poder, não detentor de poder. Acho que a lei deve valer para todos os brasileiros. É isso que espero, que, sem nenhuma precipitação, as investigações sejam verdadeiramente aprofundadas", afirmou.


Na noite desta segunda-feira, Janot anunciou ter recebido gravações com "conteúdo gravíssimo" de indícios de omissão de informações sobre crimes que poderão anular benefícios da delação premiada da JBS, que levou à abertura de investigação sobre o presidente Michel Temer (PMDB).


O presidente do Senado disse que, quando aconteceram as primeiras delações e os primeiros vazamentos de áudio, ele se posicionou publicamente contra os vazamentos, defendendo que as investigações precisavam ser feitas, concluídas e depois divulgadas. "Da mesma forma, espero e tenho certeza absoluta de que o Ministério Público não tem compromisso com o erro, que faça as mesmas investigações, da mesma forma, sem julgamento", afirmou.


Eunício reiterou que a Casa não participa do processo de acatar ou não uma denúncia contra Temer. Segundo ele, como, em último caso, se o Supremo Tribunal Federal (STF) receber uma denúncia contra Temer, cabe ao presidente do Senado e do Congresso Nacional realizar eleições indiretas. "Portanto, eu prefiro ficar distante para poder ficar isento", disse.