Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Dólar sobe 0,80%, a maior alta em quase 1 mês

12/09/2017 17h39

O mercado doméstico de câmbio voltou a mostrar sensibilidade ao ambiente político. A alta do dólar ganhou força no fim da tarde desta terça-feira, após informação de que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) por supostas fraudes na edição do chamado Decreto dos Portos. O impulso veio num dia já negativo para emergentes enquanto, por aqui, se observava um ajuste de posições.


A moeda americana terminou o dia em alta de 0,80%, cotada a R$ 3,1285. O avanço foi o mais acentuado desde 17 de agosto quando subiu 1,04%. E apesar de ter desacelerado ante a máxima de R$ 3,1370 (+1,07%), o ganho do dólar manteve o câmbio doméstico com o pior desempenho diário numa lista de 33 divisas globais.


Por volta das 17h, o contrato futuro para outubro, por sua vez, ganhava 0,84%, a R$ 3,1360.


O inquérito autorizado por Barroso envolve crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva e ativa. O pedido havia sido feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base nas delações premiadas de executivos do grupo J&F.


"Isso não muda radicalmente o cenário, mas coloca um pouco mais de prêmio no mercado", diz o estrategista-chefe da Coinvalores, Paulo Nepomuceno. "Não terá ruptura, a tendência deve permanecer de queda dos juros, alta da bolsa e dólar calmo", acrescenta.


A leitura no mercado ainda é a de que Temer ainda tem força para derrotar a queda de braço com a PGR de Janot. "Mas os ruídos geram um pouco mais de incerteza sobre a capacidade do governo de aglutinar forças para aprovar a reforma (da Previdência) com conteúdo razoável. Até uns dias, o mercado só tinha notícia positiva", afirmou um operador.


Os pontos de alerta com a política englobam ainda a prisão do ex-ministro Geddel Vieira, a delação do ex-doleiro Lúcio Funaro e o inquérito da Polícia Federal (PF) que cita Temer.


Até em razão desses "ruídos", a aprovação da reforma da Previdência traria mais efeito positivo para o câmbio do que o impacto negativo de uma contínua estagnação do processo. Em outras palavras, quando se trata desse tema, o mercado local tem mais potencial de ganho do que de perda. "Por enquanto, tem mais conversa e boa vontade do que avanço concreto. Falta a reforma entrar na pauta", diz Jayro Rezende, gerente de Tesouraria na Bank of China.


A intenção no Planalto e dos aliados é de emplacar a medida em outubro. A princípio, o governo não pretende fatiar a proposta de reforma da Previdência Social, assunto sobre o qual continuará trabalhando "duramente", afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.


O mercado de câmbio também aguarda a sinalização do Banco Central sobre sua exposição em swap cambial. Vence no começo do mês que vem o lote de US$ 9,975 bilhões em swaps cambiais na virada do mês. A liquidação de parte ou de todos os papéis equivale à compra de dólares no mercado futuro. Por outro lado, a rolagem dos ativos manteria a liquidez no sistema.