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Lula já deve agir pensando nas instâncias superiores, diz especialista

13/09/2017 10h43

O cientista político Aldo Fornazieri afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria se comportar no depoimento desta quarta-feira (13) ao juiz Sergio Moro da mesma forma como se comportou no primeiro depoimento, em maio. O petista, segundo ele, "perde" se voltar a demonstrar contrariedade com as perguntas do juiz e terá relevante prejuízo jurídico e político caso seja "tomado pela emoção".


Fornazieri concorda com a ideia difundida entre os petistas de que Lula dificilmente deixará de ser novamente condenado por Moro. Por isso, diz, deveria agir desde já pensando nas instâncias superiores.


Como político profissional, diz o pesquisador, Lula é habituado a enfrentar momentos de pressão. No depoimento de hoje, a "melhor tática" do petista seria "permanecer calmo", não cair em eventuais provocações e "não ser econômico nas explicações".


O ex-presidente, na sua opinião, "tem argumentos muito fortes para se defender na questão do terreno [que foi comprado pela Odedrecht para ser repassado depois para o Instituto Lula]": "O imóvel não foi transferido para ele nem para o instituto", diz. "Não tem materialidade."


Para Fornazieri, "é claro o clima de guerra entre Moro e Lula", algo que, na sua opinião, não é bom para nenhum dos dois. Se Lula for bem-sucedido em sua tática, diz ele, poderá ao final reforçar a impressão de que Moro o trata com parcialidade.


Apesar da repercussão do caso, o cientista político não acredita que o depoimento de hoje tenha repercussão eleitoral. "Há uma situação de saturação e saciedade da opinião pública", afirma. "É tanta denúncia, que as pessoas nem sabem mais quais são as acusações".


Na sua opinião, pessoas que apoiam Lula já se depararam com várias acusações contra o petista nos últimos anos e dificilmente irão se impressionar com mais uma.