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Pressão externa prevalece e juros futuros registram alta

27/09/2017 17h01

A pressão externa prevaleceu sobre os juros futuros nesta quarta-feira. A sessão foi marcada por firme alta do dólar em detrimento de ativos emergentes, sendo traduzida no avanço nas taxas mais longas dos contratos de Depósito Interfinanceiro.


O movimento se evidencia no aumento do prêmio exigido pelos investidores para alocação em prazos mais diluídos. A diferença entre o DI janeiro de 2021 e o DI janeiro de 2019 renovou a máxima histórica, a 1,53 ponto percentual. Da mesma forma, subiu a pontuação num intervalo mais longo, considerando os vértices janeiro de 2023 e janeiro de 2019. Nesse trecho, a diferença chegou a 2,25 pontos.


O pano de fundo do movimento inclui a proposta de reforma tributária nos EUA, que pode amparar a expansão econômica americana. Caso se concretize com aval do Congresso, ganha força a tese de um aperto monetário mais duro por lá. O debate sobre o ritmo de atuação do BC americano é intensificado neste momento pelo fato de que os investidores já vem aumentando a aposta de alta de juros ainda em dezembro, algo que era minizado há algumas semanas.


Por outro lado, a reprecificação do cenário americano se baseia em fatores que ainda precisam encontrar apoio. Para o economista-chefe para América Latina no banco ING, Gustavo Rangel, o Congresso dos EUA continua "paralisado, sem aprovar nada". Exemplo disso veio com o fracasso do presidente americano, Donald Trump, em mudar do sistema de saúde. O mercado está precificando algo que até recentemente teve só surpresas negativas. É tudo bastante incerto", diz.


Nem todo prêmio de risco deriva do exterior. Sócio e gestor na Leme Investimentos, Paulo Petrassi, aponta que ainda há desconforto com a cena política do Brasil. Ontem, o ministro Moreira Franco manteve seu foro privilegiado numa votação apertada na Câmara. Foram apenas cinco votos de diferença que o favoreceram. "A base de Temer não está tão organizada quanto se pensa. Isso mostra que o presidente ainda vai ter de fazer concessões para garantir o apoio de deputados", diz Petrassi.


Até por isso, há ceticismo sobre aprovação da reforma da Previdência ainda na administração de Temer. A leitura é que a medida deve ficar para o próximo presidente eleito, que poderá ter mais condições de conduzir o processo.


A inflação baixa e os sinais de crescimento econômico no país ainda devem ajudar a reverter o movimento. "Os juros têm dinâmica própria por causa da inflação", afirma Petrassi. O gestor até vê espaço para alongamento gradual de posições. "Como tem expectativa de vitória de um candidato reformista na eleição, dá para entrar mais no DI janeiro de 2021. O prêmio já começa a compensar."


No fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2018 ficou estável a 7,530% e o DI janeiro/2019 subiu a 7,310% (7,260% no ajuste anterior). O DI janeiro/2021 avançou a 8,830% (8,760% no ajuste anterior) enquanto o dólar comercial tinha alta de 0,81%, a R$ 3,1917.


Entre vencimentos ainda mais longos, o Di janeiro/2023 marcou a 9,550% (9,470% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 registrou 9,940% (9,840% no ajuste anterior).